Uma mulher de 33 anos registrou ocorrência na Polícia Civil de Canela na qual afirma ter sido agredida pelo ex-companheiro e por um policial militar. As agressões teriam ocorrido na madrugada de segunda-feira (6), quando ela e o homem estavam saindo de uma festa em Canela. Após uma discussão, ele teria a agredido com um soco no rosto.
Segundo a mulher, policiais que trabalhavam na segurança do evento viram a situação e algemaram o agressor. Ambos foram conduzidos até o Hospital de Canela para exames, mas, de acordo com o relato dela, os policiais não quiseram esperar o atendimento que seria dado à mulher, que estava com o nariz quebrado.
O homem e a mulher foram levados para a delegacia de Polícia de Canela para o registro da ocorrência em viaturas separadas. Quando chegaram ao local, um dos policiais, ao ver a delegacia fechada, começou a reclamar, segundo relatou a suposta vítima. Diante da situação, ela, que estava no interior da viatura, dividindo o espaço com várias armas no banco de trás do veículo, afirmou que queria ir para casa. Nesse momento, ainda segundo ela, o policial a retirou do veículo à força e lhe agrediu com vários socos na cabeça.
— Ele ficava me dando socos na cabeça enquanto segurava o meu cabelo, jogando de volta contra o banco de trás do veículo, onde tinham várias armas. Ele não parava de me xingar, me chamando de vagabunda e outros palavrões. Eu gritava e ninguém fazia nada — afirma.
De acordo com o relato da vítima, outros dois policiais ficaram observando a situação e um deles teria pedido para que as agressões parassem. Nesse momento, outro policial teria aparecido no local e conduzido ambos - ela e o ex-companheiro, que estava algemado - para uma dependência no subsolo da delegacia. No entanto, depois dos protestos da vítima, que seguia discutindo com o suposto policial autor das agressões, eles disseram para ela ir embora dali.
— Tiraram as algemas do meu ex-marido e me mandaram embora, toda ensanguentada e suja, de pé no chão. Tive que pedir carona na estrada para conseguir voltar para o local da festa, pegar meu carro e ir pra casa — conta.
A polícia Civil de Canela instaurou inquérito para investigar o caso. De acordo com o delegado Gustavo Barcellos, o boletim médico confirmou que a mulher apresenta lesões no olho decorrentes de agressões. A investigação pretende identificar o suposto policial autor dos atos violentos e os demais que estavam no local.
— Nós vamos apurar se os fatos efetivamente aconteceram dessa forma, temos o exame do corpo de delito que confirma que ela sofreu diversas agressões. Ela já foi ouvida e vamos ouvir o seu ex-companheiro. Aquilo que for de responsabilidade civil nós vamos investigar. O que cabe à atuação do policial militar será encaminhado para a Brigada Militar — aponta o delegado.
Na quinta (9), a mulher se dirigiu até a Corregedoria da Brigada Militar em Porto Alegre para fazer a denúncia. A corporação instaurou inquérito policial-militar e encaminhou a investigação para o Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) da Serra, que terá um prazo de 40 dias para a conclusão das investigações, que pode ser estendido por mais 20.
— Foi instaurado procedimento administrativo para apurar se houve conduta irregular dentro das suas atribuições como policial — aponta o major Ivan Alves, da Corregedoria da BM.