A chefe da Polícia Civil no Estado, Nadine Anflor, anunciou em um encontro em Farroupilha, na tarde desta terça-feira, que pretende criar salas voltadas ao atendimento às mulheres vítimas de violência nas Delegacias de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPAs). Ainda não há data para que o serviço comece a ser implementado, mas a expectativa é que, na cidade, ocorra de forma concomitante à inauguração da nova sede da Polícia Civil no prédio do antigo do Fórum, prevista, pelo delegado regional, Paulo Roberto Rosa, até o final do primeiro semestre. A projeção para Caxias do Sul, que já tem estrutura física adequada, e Bento Gonçalves, cidades com maior número de registros, segundo Rosa, é para meados de julho.
Para um público predominantemente feminino – cerca de 90 mulheres, de serviços municipais de saúde e assistência, de empresas, de organizações da sociedade civil – Nadine disse que gostaria de abrir mais Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher (Deam) no Estado – atualmente, são 22 –, porém, esbarra no déficit de efetivo que atinge índice histórico. Ela considerou que apesar dos 400 novos policiais que devem começar a atuar em junho, outros 700 já têm condições de pedir aposentadoria. Além disso, disse que aposta nos espaços de atendimento nas DPPAs:
– A Polícia Civil tem trabalhado e vai lançar nos próximos dias, o PC Acolhe, a Polícia Civil acolhendo, um local humanizado, diferenciado, dentro dos plantões, na DPPA, nossa Delegacia de Pronto-Atendimento, que é quem, efetivamente, tem que acolher as vítimas de violência durante a noite, fora do horário de expediente e nos finais de semana. São nesses horários em que os crimes acontecem.
Participaram do encontro, como palestrantes as delegadas Carla Zanetti, da Deam de Caxias do Sul, e a delegada Deise Salton Brancher Ruschel, da Deam de Bento Gonçalves – as duas únicas unidades da Serra. Carla lembrou que, somente 10% das mulheres denunciam as agressões sofridas. A chefe de polícia, Nadine Anflor, referiu a importância de reforçar as redes de assistência nos municípios, a criação de casas de acolhimento (semelhantes à Casa Viva Rachel, de Caxias) e a geração de renda para as vítima. Também incentivou a ampliação de projetos de atendimento voltados aos agressores, a exemplo do que já acontece em Bento Gonçalves, com o Grupo Despertar, e que é desenvolvido pela Assistência Social de Farroupilha. A ideia é tentar evitar que os homens repliquem o comportamento agressivo na mulher atual ou em futuras companheiras. Em Bento, de cada 10 participantes, apenas três reincidem.
Para as integrantes dos serviços que estavam na platéia no Restaurante do Parque Pinheiros, as delegadas da região orientaram sobre para que servem, quais são e em que circunstâncias é possível pedir medidas protetivas, entre outras questões.
Na Serra, foram registrados três casos de feminicídio neste ano. Segundo a delegada Nadine, em 70% dos casos não há denúncia anterior por parte da vítima de ameaça ou outro tipo de crime cometido pelo namorado, companheiro ou marido.