O aumento das ocorrências de roubo de veículos de motoristas de táxi e de aplicativo em Caxias do Sul em 2019 motivou a Polícia Civil a intensificar a investigação dos casos que envolvem esse tipo de prática criminosa. Foram pelo menos seis casos registrados em 2019 – cinco deles somente nos últimos 22 dias. Esse tipo de ato criminoso geralmente acontece durante as noites e madrugadas.
Em grande parte dos casos, os assaltantes chamam o motorista simulando realizar uma corrida, geralmente em regiões mais afastadas ou localizadas no interior do município. Quando o motorista chega ao local, é rendido pelos criminosos e tem o veículo roubado.
O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Adriano Linhares, afirma que, apesar do crescimento dos casos de roubos a automóveis, não se trata de uma quadrilha especializada nesse tipo de delito. Segundo ele, são crimes que não respeitam a um padrão designado de atuação, pois acontecem pela facilidade em encontrar os proprietários de automóveis.
— A incidência desses crimes aumentou, mas são altos e baixos, não tem a ver com a ação de uma quadrilha específica. Posso dizer com absoluta convicção que não se tratam de criminosos com ações focadas em assaltos a motoristas. São criminosos que encontram uma oportunidade, seja no furto de automóveis ou roubos.
O caso mais recente foi registrado por volta das 19h30min desta quinta-feira (21), quando um motorista de 54 anos foi rendido e teve o veículo Renault Sandero levado por três assaltantes na Rua Gilberto Antônio Sirena, no bairro São Luiz, em Caxias do Sul. Segundo o boletim de ocorrência, o motorista foi chamado até o local para realizar o transporte de passageiros e foi abordado por três homens.
Ao ingressar no veículo, um deles, armado com um revólver, apontou a arma para o condutor disse para ele seguir em frente, o ameaçando de morte. Ao chegar nas proximidades de um matagal, exigiram que ele descesse do automóvel e fugiram a bordo do veículo. O motorista pediu socorro a uma viatura da Brigada Militar (BM) que passava pelas proximidades. O veículo foi encontrado poucas horas depois nas proximidades do loteamento Campos da Serra.
Os demais casos registrados no ano aconteceram nos bairros São Victor Cohab, Pioneiro, São José, Canyon, e Sanvitto.
“Tem que manter a calma para preservar a vida” - relata vítima
Um homem de 33 anos, que trabalha como motorista de aplicativo e foi vítima de roubo no dia 19 de fevereiro, relata que passou por momentos de tensão quando ficou sob a mira dos criminosos. Ele foi chamado para atender uma suposta corrida no bairro São Victor Cohab. O chamado no aplicativo seria de uma mulher, no entanto, quando chegou ao local foi rendido por dois homens armados. Ele afirma que estranhou quando entrou em contato antes de chegar ao local designado e um homem atendeu, mas, como se trata de uma prática comum, prosseguiu com a corrida.
— A gente sempre liga para ter uma segurança, é um costume. Como é comum as pessoas usarem o celular de outros para chamar, continuei com o trabalho. Ele disse que sua esposa havia chamado para ele – conta.
Ao chegar ao local e ser rendido pelos homens que entraram no veículo, tentou ficar calmo.
— Tentei manter a calma para preservar a vida. Nessa hora, não tem muito o que fazer – destaca.
O veículo roubado foi recuperado poucos dias após o crime. Foi o quarto assalto que ele foi vítima desde que passou a trabalhar como motorista de aplicativo. Agora, vai trabalhar apenas durante o dia.
— Vou dar um tempo (em corridas noturnas). A nossa vida é mais importante – ressalta.
