Os casos que envolvem a prática de estelionato na aquisição de bens têm sido recorrentes em cidades da Serra. Nesta sexta-feira (25), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) lançou um alerta sobre o crescimento desse tipo de prática criminosa que busca extrair vantagem de pessoas que vendem principalmente máquinas agrícolas. De acordo com a PRF, foram pelo menos 10 casos registrados nos últimos 15 dias nos municípios de Bento Gonçalves e Caxias do Sul. No entanto, conforme a Polícia Civil, os casos se repetem em outros municípios da Serra, como São Marcos, São Francisco de Paula e São Sebastião do Caí.
O golpe funciona sempre da mesma forma: o criminoso identifica a vítima que anunciou a venda de algum produto - seja em sites de venda pela internet ou outros meios - e faz contato por meio de telefone ou de conversas pelo WhatsApp, oferecendo um valor muito acima do solicitado inicialmente pelo vendedor. O objetivo é atrair a atenção para realizar um negócio rápido, afirmando que irá depositar o valor em conta bancária e enviar o comprovante ao vendedor.
No entanto, a operação é falsa, ou seja, é feita mediante a utilização de comprovantes fraudados ou de depósitos feitos em caixas sem nenhum dinheiro no interior dos envelopes. Como o valor só será confirmado pelo banco posteriormente – cerca de 24 horas depois –, os criminosos coletam o produto antes do banco constatar que nenhum valor foi enviado à conta.
— São golpes aplicados em equipamentos de grande valor, como máquinas agrícolas, tratores, automóveis e motocicletas. Normalmente a quadrilha fala com vítima a distância, sem o contato pessoal direto, se aproveitando da empolgação do vendedor com o bom negócio para atrai-lo o mais rápido possível. Daí o criminoso contrata um freteiro ou um guincho da cidade para buscar o produto. Para não cair no golpe, é preciso se certificar do depósito — orienta o delegado do 1º Distrito Policial de Caxias do Sul, Vítor Carnaúba.
O agente da PRF José Carlos Grando relata que acompanhou três casos que foram registrados nos últimos dias. Em um deles, a máquina que foi comprada mediante depósito falso chegou a ser localizada em um matagal no interior de Bento Gonçalves. Mas foi exceção, porque na maioria das vezes o bem não chega a ser recuperado.
— Desses três casos que pude acompanhar, em um deles recuperamos um trator que valia R$ 80 mil. Em outro caso, a pessoa caiu no golpe e perdeu uma máquina que valia em torno de R$ 75 mil. Em outra situação, o próprio vendedor desconfiou e desistiu de fazer o negócio — afirma Grando.
“Já vi que era problema”, relata empresário que quase caiu no golpe
Um empresário de 38 anos de Concórdia (SC) acertou a venda de um trator ao fazer um anúncio em um site de classificados e quase caiu no golpe. Ele veio a Bento Gonçalves somente para trazer o veículo, e por pouco não se tornou mais uma vítima dos estelionatários.
— Já vi que era problema, ao perceber que não era a pessoa que eu estava falando que foi buscar o trator. Ele disse que o cunhado dele que iria buscar. Já achei estranho que a pessoa mande um terceiro para fazer uma compra tão cara, até porque teria de ver como está o trator antes de fazer a compra — relata.
Ele desconfiou mais ainda quando viu a pressa do suposto comprador em sair com o trator. Após receber o comprovante do depósito online – que era falso –, solicitou ao gerente do banco em sua cidade que confirmasse se o valor estava realmente em sua conta, antes de deixar o trator com o golpista.
— Estava ganhando tempo para ver se aquilo era de verdade, até que gerente me disse que o envelope estava vazio e nenhum dinheiro tinha caído na conta. Quando olhei para trás, vi que o homem havia fugido — conta o empresário.
Não caia no golpe
:: Valores muito acima do solicitado devem ser motivo de desconfiança
::Sempre priorize o contato pessoal direto com o comprador
:: Aguarde a confirmação do depósito para enviar o produto ao comprador
:: Não aceite negociar com terceiros ou intermediários