Ao identificar lideranças e mapear funções, a Polícia Civil conseguiu ampliar as penas de integrantes uma facção que fomenta o crime em Caxias do Sul. A Operação Fratelli, deflagrada em abril de 2017, resultou em 13 condenados a 112 anos de prisão. A condenação é referente a crimes ocorridos entre outubro de 2016 e março de 2017.
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Para a Polícia Civil, o fato de 2016 ser o ano mais violento da história da cidade, com 150 assassinatos, foi uma consequência direta da atuação dessa organização criminosa, que usava a violência para dominar o tráfico nos bairros Planalto, Reolon, Santa Fé, Pioneiro e Cinquentenário II.
— Tínhamos vários inquéritos em andamento sobre homicídio, tráfico de drogas, roubos e outros crimes, em que apareciam (os líderes da facção). Usando destes fatos, conseguimos formatar o inquérito para comprovar a participação deles no mando do que acontecia aqui fora, coordenando estas ações — explica o delegado regional Paulo Roberto Rosa da Silva, que destaca o trabalho de inteligência realizado pela Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) em parceria com agentes da 8ª Delegacia Regional.
Na sentença, proferida em 25 de setembro, o juiz João Paulo Bernstein ressalta, como majorantes da pena, o emprego de armas de fogo e a participação de menores de idade na associação criminosa. O magistrado cita o caso de Felipe Stúrcio Stumff, assassinado aos 14 anos em setembro de 2016 por supostamente furtar drogas da facção, e de outro adolescente que aparece em escutas de ligações que ordenavam a morte de traficantes rivais.
A sentença foi exaltada pela Polícia Civil como forma de manter presos criminosos de alta periculosidade — alguns já somam mais de 40 anos de pena total. Por outro lado, os investigadores admitem que as atividades da facção não cessaram. A principal dificuldade é a falta de bloqueadores de sinal telefônico nos presídios para inibir a comunicação das lideranças.
— Mas, se continuarem (atuando como facção), podem ser novamente condenados. Continuamos monitorando e juntando elementos. Se comprovarmos que estão coordenando a prática de novos crimes, é outro processo — aponta o delegado Rosa.
Operação Fratelli: A investigação foi batizada com o termo italiano "irmãos", em referência ao nome da facção criminosa.
ABSOLVIDOS:
Gilson Ribeiro da Silva, Éderson Douglas Vieira e Iendis Dal Canale de Brito foram absolvidos neste processo. O magistrado entendeu que os elementos da acusação não comprovavam uma associação estável e duradoura deles aos demais denunciados.
CONDENADOS:
:: Daniel Gomes Paim
Condenado a 15 anos e seis meses de reclusão por Santa Catarina
Ficou evidenciado que praticava diversos atos de liderança: angariava cooperadores para a causa; promovia intimidações mais diversas; arrecadava pecúnia e repassava a correligionários porventura necessitados, para as mais diversas finalidades, como custear advogados; estabelecia estratagemas para a ampliação da narcotráfico (com lucro em proveito da facção) e da influência da organização dentro do sistema penitenciário e fora dele. Possui uma pena total de 44 anos e oito meses. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Alan Robson Livinali Lora
Condenado a 10 anos e seis meses de reclusão
Ostenta outras duas condenações anteriores e responde a outros quatro processos criminais além deste, incluindo crimes de homicídio, tráfico e associação para o tráfico. Soma uma pena total de 49 anos, oito meses e nove dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Jeferson da Silva, o Jé do Reolon
Condenado a 10 anos e dois meses de reclusão
Reincidente e responde a outros sete processos criminais além deste, incluindo crimes de homicídio, roubo, tráfico e associação para o tráfico. Soma uma pena total de 43 anos, nove meses e 10 dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Michel de Souza da Silva, o Miuk ou Michelzinho
Condenado a 10 anos e 6 meses de reclusão
Ostenta outras quatro condenações anteriores e responde a outros quatro processos criminais além deste, incluindo crimes de roubo, de armas, de tráfico e associação para o tráfico. Soma uma pena total de 65 anos, três meses e 25 dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Edenilson Reduzino Alves
Condenado a 10 anos e seis meses de reclusão
Ostenta outras duas condenações anteriores e responde a outro processo criminal além deste, por crime de homicídio. Soma uma pena total de 40 anos e 9 meses. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Maicon Cristiano Borges, o Maicon Torto
Condenado a 10 anos e dois meses
Ostenta outra condenação anterior e responde a outros cinco processos criminais além deste, incluindo crimes de receptação, de armas e de roubo. Soma uma pena total de 74 anos, oito meses e três dias. Está recolhido no presídio de Venâncio Aires.
:: José Adair Tubia Pires
Condenado a seis anos e oito meses
Ostenta uma condenação definitiva e responde a outros quatro processos criminais além deste, por crimes de ameaça, de armas, de furto qualificado, de corrupção de menores e de homicídio qualificado. Com esta condenação, soma uma pena de 16 anos e 11 meses. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Iedo Judá Santos da Silva
Condenado a seis anos e três meses de reclusão
Apesar de primário, encontra-se respondendo a outros cinco processos criminais além deste, por crimes de ameaça, receptação, tráfico de drogas, adulteração de sinal identificador de veículo automotor e homicídio. Com esta condenação, soma uma pena de 15 anos, 11 meses e sete dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Cristiano Gubert, o Bruxo
Condenado a oito anos e cinco meses de reclusão
Ostenta outras duas condenações anteriores e responde a outros quatro processos criminais além deste, incluindo crimes de homicídio, tráfico e associação para o tráfico. Com esta condenação, soma uma pena total de 23 anos, 8 meses e 19 dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Jilcimar Walter, o Boy
Condenado a nove anos e sete meses de reclusão
Ostenta outras quatro condenações anteriores e responde a outro processo criminal além deste, por tráfico e associação para o tráfico. Soma uma pena total de 42 anos e 4 dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Paulo Roberto Maciel de Jesus, o Café
Condenado a 6 anos e 5 meses de reclusão
Possui outra condenação por tráfico de drogas no bairro Marechal Floriano em 2012, com pena de 2 anos, 7 meses e 15 dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Anderson Lima de Miranda, o Mirandinha
Condenado a oito anos e cinco meses de reclusão
Ostenta outras quatro condenações anteriores e responde a outros quatro processos criminais além deste, por crime de armas, roubo e homicídio. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Deiviti Anderson Paim Seben
Condenado a seis anos e cinco meses de reclusão
Apesar de primário, encontra-se respondendo a outros dois processos criminais além deste, um deles por crime de furto e outro por tráfico de drogas e posse/porte de arma de uso restrito, já com sentença condenatória prolatada em primeira instância neste último caso. Com esta condenação, soma uma pena total de 11 anos e 5 meses. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
:: Gilberto Cardoso, o Fala Fina
Condenado a oito anos e cinco meses de reclusão
Ostenta outras seis condenações anteriores e responde a outros cinco processos criminais além deste, por crimes de tortura, furto, furto qualificado, organização criminosa, certidão falsa e receptação. Com esta condenação, soma uma pena de 60 anos, nove meses e 35 dias. Segue recolhido na Penitenciária Estadual no Apanhador.
AINDA RESPONDEM:
Pelo mesmo crime, William Valker Adamanczuk e Jeferson Luiz Camilo Betim, o Conte, respondem a outro processo que segue em tramitação. A cisão dos processos ocorreu pelos denunciados estarem foragidos à época.