O sentimento de pertencimento que vem à tona na Semana Farroupilha, momento do ano em que os gaúchos celebram suas façanhas e sua identidade, ganha uma homenagem especial do músico e artista visual Leandro Ávila. O farroupilhense inaugurou ontem, na Casa da Cultura de Farroupilha, a mostra Fragmentos do Pampa, que traz desenhos a lápis e carvão sobre o modo de ser do homem e da mulher sulista.
São oito obras, em que Leandro retrata aspectos do cotidiano pampeano, como um casal dançando um chamamé ou uma doma de cavalos, e traz personagens marcantes como a cantora argentina Mercedes Sosa e o violonista e cantor gaúcho Noel Guarany, dois expoentes da cultura do Sul do mundo, para além das fronteiras do território do Rio Grande do Sul.
– Olhando a América Latina como um todo, nós, gaúchos, somos um povo espalhado po vários países: Brasil, em especial o Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. Quis trazer o gaúcho como essa figura cultural única, que vive nesse bioma e tem os mesmos costumes, como o mate, e a mesma indumentária. Ao mesmo tempo, procurei contemplar artistas que tão bem nos representam, como a Mercedes Sosa, uma cantora que fez uma ligação de todo esse povo através da música, e Noel Guarany, que considero o pai do nativismo gaúcho. Ele trouxe a música telúrica, com viés contemplativo, mas também erguendo a voz contra esse mundo que menospreza o pequeno, o homem do campo que é o operário das estâncias – comenta Leandro, que também comanda o grupo musical farroupilhense Família Ávila, que se dedica aos repertórios tradicionalista, natalino e cristão.
Na live de abertura da mostra, na noite de segunda-feira, Leandro contou com uma participação pra lá de especial e simbólica: o pai do violão pampeano, Lúcio Yanel, fez uma apresentação direto da Casa da Cultura. Outro expoente do nativismo, César Oliveira, participou com um vídeo gravado. Também teve o talento da Família Ávila, homenageando Mercedes e Noel. As participações estão registradas na página da Casa da Cultura de Farroupilha no Facebook.
– Mais do que um grande músico, Dom Lúcio é uma figura pampeana, com uma experiência de vida e de folclorista de alguém que mergulhou fundo nas nossas raízes. César Oliveira, da mesma forma, é outro grande especialista e pesquisador do nosso folclore. Tê-los na abertura da exposição foi um presente à parte, que me deixou muito feliz. Momentos como esse reforçam nossa esperança de que logo a vida irá voltar a uma normalidade e a gente poderá estar junto para apreciar estes talentos ao vivo – aponta o artista.
Fragmentos do Pampa pode ser conferida até o dia 15 de outubro, com visitação de segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h.