Cerca de um ano depois da decisão de retirar a placa de bronze que adornava o monumento mais importante da Praça Dante - o busto do escritor Dante Alighieri, instalado no espaço em 1914 - , o patrimônio histórico-cultural de Caxias do Sul continua sendo alvo da ação de ladrões. Na última segunda-feira (11), a peça de bronze que ficava junto ao busto do empresário Abramo Eberle, na Praça Vestibular Abramo Eberle, próximo ao Monumento ao Imigrante, foi furtada. A escultura, instalada na praça em 1946, marcava o início das atividades da metalúrgica, em 1896.
— Em 2018, a retirada das placas foi uma ação emergencial de proteção ao bem público. No entanto, essa medida causou muitos questionamentos e a divisão foi muito pressionada. Fiz o que achava correto e esse continua sendo o meu posicionamento. Penso ser melhor que as placas fiquem conosco do que nas mãos de vândalos, mas nem todos pensam da mesma forma — diz Heloíse Salvador, coordenadora da Divisão de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural (Dippahc) da Secretaria Municipal de Cultura.
Conforme Heloísa, o problema não é novo. Basta observas praças e espaços públicos da cidade para notar blocos de concreto sem placas de identificação. Somente no ano passado, diversos monumentos públicos de Caxias foram atacados: a lembrar dos furtos da placa do Monumento Gigia Bandera e do marco zero da cidade; e o sumiço do busto do empresário Cândido João Calcagnotto, da Praça da Bandeira. Em 2019, apenas um caso relacionado ao furto de placas (o desta segunda) ocorreu em Caxias do Sul.
— Essa "diminuição" no número de furtos se dá porque não existem praticamente mais placas na cidade — ressalta Heloísa.
Segundo a Dippahc, existem 114 monumentos e placas cadastrados. Porém, a lista do que já foi perdido ou vandalizado ainda não foi concluída. De acordo com a coordenadora da pasta, atualmente existe uma licitação para recolocar as placas faltantes. Em alguns monumentos da cidade, os adornos foram recolocados em acrílico.
— Com essa primeira licitação iremos recolocar 25 placas, nas praças: Abramo Eberle, Dante Alighieri, Dante Marcucci e João Pessoa. Além disso, serão contemplados os monumentos do Largo São Pelegrino, Centro Cívico Euclides Triches e do Parque Cinquentenário. A princípio as placas seriam de acrílico, mas optamos por peças de alumínio.
A arquiteta e urbanista da secretaria da Cultura, Karina Marques Dick, explica que a opção pelo material metálico ocorre em função da vida útil da peça, que é maior do que a do acrílico. Um soldante químico impedirá a ação de criminosos, que por ventura tentem retirar a placa.
— Quando exposto as intempéries o acrílico tem uma tendência de mudar de coloração. Além disso, a manutenção dele é muito mais complexa. Apesar de também ser vendável, as placas de alumínio serão fixadas com um soldante químico, que fixa a placa como um todo à coluna. Teoricamente, isso inviabilizaria a ação dos vândalos — complementa Karina.
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