Estudantes de pelo menos três escolas estaduais lotaram o plenário da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul na manhã desta quinta-feira (21). Com gritos como: "governador, fala a verdade, educação nunca foi prioridade", os alunos demostram apoio à paralisação dos professores. Um dos estudantes ocupou a tribuna para se manifestar e cobrar o posicionamento dos vereadores de Caxias do Sul. O grupo quer que os políticos se posicionem sobre o pacote do governador Eduardo Leite (PSDB).
O presidente do Grêmio Estudantil do Cristóvão de Mendoza, Anderson Velho, afirma que não é a paralisação dos professores que prejudica os estudantes:
— A greve não nos prejudica, mas sim a desvalorização dos professores. A incerteza que eles vivem no dia a dia, com salários atrasados, sem saber como será o plano de carreira e a aposentadoria, isso é ruim.
Na tribuna, Anderson afirmou que desvalorização dos professores e o parcelamento de salários tem causado doenças nos profissionais. Ele finalizou o pronunciamento falando que a educação está parcelada.
— É o nosso conhecimento que está parcelado. É a escola pública estadual que está parcelada, porque sem condição de dar aula, o professor está se matando, esgotado. E nós, percebendo isso, vendo que isso também nos atinge— ressalta.
Participaram do ato os alunos das escolas Assis Mariani, Cristóvão de Mendonça e José Generosi.
A vice-presidente do 1º Núcleo do Cpers Sindicato Ana Paula Santos ressalta que o apoio dos Estudantes é importante para mostrar para a população o que está em jogo:
— O pacote não afeta apenas os professores, mas com certeza o magistério é uma das categorias mais prejudicadas. Nos últimos cinco anos passamos pelo sucateamento da educação e sem reposição salarial. Pelo menos quatro pontos do pacote são massacrantes porque acaba com a carreira do professor, congela salários, penaliza os aposentados e não ataca os grandes salários. Também nos preocupa o fato do número de professores diminuir a cada dia.
Para o vice-presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) do Cristóvão de Mendonça Álvaro Ricardo Carvalho, também é preciso que a população apoie o movimento.
— O mínimo que nós esperamos dos vereadores é apoio ao magistério. Eles tem que parar essas medidas e lutar contra o pacote do Governo do Estado. O magistério vai acabar e aí como vai ser o ensino? Será à distância? — questiona.
Os gritos de ordem aumentaram para pressionar os vereadores a abordarem o assunto. Os alunos não queriam que os parlamentares seguissem com a pauta normal da sessão. A sessão foi suspensa por alguns minutos para que os vereadores conversassem com os alunos e explicassem como funciona a sessão ordinária e então retomassem a pauta. No decorrer, da sessão os vereadores abordaram o assunto.
Veja um dos momentos da manifestação:
Vereadores aprovaram moção de contrariedade à reforma
Os vereadores caxienses se posicionaram no último dia 7 contra a reforma estrutural do governo do Estado. O texto de autoria da vereadora Denise Pessôa (PT) contou com a assinatura de mais nove parlamentares da Casa. De acordo argumentam que a "categoria dos trabalhadores em educação já amarga um intenso processo de empobrecimento. São cinco anos sem qualquer reposição salarial, acumulando perdas inflacionárias superiores à do poder aquisitivo, desde novembro de 2014".
Ainda de acordo com a moção, como a quarta maior economia do Brasil, o Rio Grande do Sul também paga o segundo pior salário básico do país. A defasagem, em relação ao Piso Nacional do Magistério, chega a 102%. Além do congelamento, o documento lembra que os salários são quitados com atraso ou parcelamento há 47 meses.
O documento foi encaminhado no dia 08 deste mês ao presidente da Assembleia Legislativa do RS, Luis Augusto Lara, aos líderes estaduais de bancadas partidárias, à Presidência do CPERS Sindicato e ao governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB).