Pais e alunos da Escola Municipal Professora Arlinda Lauer Manfro, em São João da 4º Légua, em Galópolis, se reuniram para protestar na frente do colégio na manhã desta terça-feira (30). No dia em que os estudantes retornariam das férias e teriam que ter aulas no Centro de Eventos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel), ao lado do campo de futebol do bairro, cerca de 80 pessoas protestaram contra a transferência das crianças. Eles também deram um abraço simbólico na escola.
A polêmica em torno da mudança ocorre desde o dia 4 de junho, quando a Secretaria Municipal de Educação informou aos pais que os 62 alunos da instituição, que está na área rural, seriam transferidos.
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O questionamento dos pais é por que o município não reforma o prédio atual. Eles temem que a escola seja fechada e, assim, as crianças tenham que sair do interior.
A corretora de seguros Gilmara Strapasson, 39 anos, tem dois filhos, de 2 e 4 anos, que não foram para a aula nesta terça-feira. Eles participaram da manifestação ao lado da família:
— Hoje é o retorno das férias e estamos aqui para demostrar que queremos continuar aqui no interior. A escola pode ser reformada, é possível reformar, então por que não fazer? Em Galopólis, o sol eles não vão enxergar porque só bate a luz do sol às 14h, é úmido, não tem parquinho e nem lugar para eles brincarem.
A mudança dos alunos foi questionada pelo Ministério Público (MP), que orientou a prefeitura a elaborar um projeto de recuperação da escola. Além disso, 16 integrantes do Conselho Municipal de Educação votaram contra o remanejamento para o local escolhido pelo município.
Outro ponto que chama à atenção é a informação de que a reforma da escola custaria R$ 32 mil, enquanto o valor investido pelo município para adequar o Centro de Esportes gira em torno de R$ 30 mil. A Comissão de Educação da Câmara de Vereadores também é contra a escolha do local. Os pais e a comunidade ofereceram ajuda para a reforma da escola.
A presidente do Conselho de Pais e Mestres da Arlinda Manfro, Marina Silvana Menzomo Strapasson, 39, reitera que a comunidade ofereceu diversas opções para que as crianças permanecessem no meio rural. Sugeriram o salão paroquial e a escola Felipe Camarão, fechada em 2017.
— A Smed demostrou que a escola será fechada porque, até agora, não apresentaram projeto e alegam que não tinham equipe para trabalhar, e que isso seria feito somente em janeiro de 2020. A nossa motivação é garantir que a escola não feche. Nós temos lei que garantem que a comunidade possa reformar a escola.
O MP chegou a ingressar com uma ação civil pública pedindo que a transferência dos estudantes fosse proibida. Na sexta-feira (26), o juiz Emerson Kaminski negou a liminar, sob o entendimento de que "as intervenções contratadas pela municipalidade atendem, ainda que precariamente, as necessidades de segurança e habitabilidade". O magistrado afirma, no entanto, que a Smed terá que "demonstrar medidas emergenciais para reformar o educandário", sem determinar prazo. A decisão foi publicada nesta segunda-feira (29).
Entenda o caso
De 5 de junho até o dia 15 de julho, 17 alunos do 4° e 5° ano estudaram, provisoriamente, em uma sala onde funcionava uma capela mortuária, ao lado da Igreja de São João da 4º Légua. No retorno às aulas, os alunos passaram a estudar no prédio do Centro de Eventos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel), na área central de Galópolis.
O que diz o município
A secretária de Educação, Marina Matiello, estava em visita a escolas na manhã desta terça e não pôde atender a reportagem. Por meio da assessoria de imprensa, afirmou que o município teve 15 dias para responder perguntas e apresentar um projeto do espaço no Centro de Eventos. Ela voltou a dizer que o projeto de reforma da Arlinda Manfro será elaborado a partir de janeiro de 2020.