Não deu outra. A inauguração da UBS Cristo Redentor virou palanque para extravasar as diferenças políticas. O prefeito Daniel Guerra (PRB) e o secretário municipal da Saúde e presidente do PRB, Júlio César Freitas da Rosa, tiveram dificuldade para falar durante a solenidade. Precisou que a Guarda Municipal fizesse a segurança deles. O curioso é que, há um mês e meio, Guerra se recusou a receber cerca de 80 guardas para uma audiência.
Justamente num momento que deveria ser de festa ter que precisar de segurança, é extremamente constrangedor para o governo municipal.
O vereador Rafael Bueno (PDT), morador e ex-presidente do bairro, que atuou fortemente para a concretização da UBS, estava na cerimônia. Ele tem sido um crítico constante desta administração, em especial pela demora na inauguração da unidade básica de saúde. Sua mãe, Vera Lúcia Rech, também estava. Foi ela quem encabeçou os protestos.
"Histerias politiqueiras"
Guerra classificou de "histerias politiqueiras", elogiando Júlio Freitas por saber tolerar e compreendê-las, pois se avizinha um outro pleito eleitoral e sequer o anterior foi digerido por uma pequena parte. O clima que já era tenso diante da oposição ao prefeito, teve na provocação de Freitas, antes da fala do prefeito, ao querer "contar a vida do prédio", o estopim.
— Não havia nenhum mobiliário, não havia recursos humanos para esse prédio, não havia insumos, não havia equipamentos médicos, não havia exatamente nada. Hoje, nós não estamos inaugurando uma UBS, nós estamos inaugurando duas UBSs. Porque na administração passada, a determinação era: "Fechem a UBS do Cristo Operário, tragam os móveis pra cá, tragam os funcionários pra cá, desassistam aquela comunidade e abram aqui. E o senhor (prefeito) determinou em reunião com todas as equipes técnicas, inclusive da Saúde, que nós não desassistiríamos a comunidade do Cristo Operário."
Dona Vera, então, passou a gritar, chamando de mentiroso.
Aliás, Guerra faltou com a verdade ao dizer que sete anos antes de seu governo não foram entregues UBSs. Ignorou as unidades do Campos da Serra e do Diamantino, inauguradas em 2014. O prédio do Cristo Redentor estava bem encaminhado quando assumiu.
Outras situações deselegantes:
:: Todos os secretários municipais foram citados. Já os vereadores não tiveram esse mesmo tratamento. Apenas Renato Oliveira (PCdoB), presidente da Comissão de Saúde, que estava representando o Legislativo, foi nominado. Além de Oliveira e de Rafael, estavam Edi Carlos Pereira de Souza (PSB), Adiló Didomenico (PTB), Velocino Uez (PDT), Renato Nunes (PR) e o líder de governo Elisandro Fiuza (PRB).
:: Nivia da Rosa, presidente eleita da Amob Cristo Redentor, falava que a conquista é da comunidade, não de um partido ou de um governo. Teve o microfone cortado.
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