Se o Radicci virou uma espécie de personagem símbolo da Serra, que sintetiza as características fundamentais do gringo da região, o jornalista caxiense Paulo Cancian, que faleceu na manhã desta quinta-feira (20), tem boa parcela de responsabilidade.
— Ele é um padrinho do Radicci — define o cartunista Carlos Henrique Iotti, criador do personagem.
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Iotti conta que o Radicci ganhou as páginas do Pioneiro em 1983. Naquela época, Cancian era o editor do jornal bissemanal.
— Eu tenho uma história muito particular com ele. Ele foi meu primeiro editor, o cara que deu uma página e me disse: "cria um personagem. Algo que represente a Serra". Ele que me deu a primeira oportunidade — lembra.
O resto é história. As charges começaram a ser publicadas numa página chamada Humor na Serra que, segundo Iotti, reunia os principais cartunistas do Estado. Reflexo da busca incessante por novidades.
— Ele estava sempre atrás de coisas novas. Nós chegamos até a fazer o piloto de uma revista de histórias em quadrinhos, que acabou não saindo. Ele era um cara inquieto, sempre procurando coisas novas. Ele transformou o jornal em diário, depois criou até a edição de domingo. Agora, todo mundo diz que "o jornalismo está em crise". Para ele, não tinha nunca crise.
Além do legado profissional, para Iotti, Cancian deixará uma gama de lembranças alegres, resultado de anos de convivência.
— Teve uma época em que a gente era muito próximo. Ele corria de Opala, competia numa espécie de "Stock Car dos colonos". A primeira vez que eu dirigi na minha vida ele teve a coragem de ir a Porto Alegre comigo. Eu dirigindo e ele me dando dicas, e eu só fazendo barbeiragens. E ele ali, firme. O jornalismo está mais pobre em Caxias — lamenta.
O velório de Cancian ocorre na Capela A, do Memorial São José, em Caxias do Sul. A cerimônia de despedida será realizada a partir das 10h30min de sexta-feira (21) no Memorial Crematório São José.