A Parada Livre de Caxias do Sul está colorida, alegre e calorosa como sempre foi. Mas a população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex) foi prejudicada na tarde deste domingo. Longe da Praça Dante Alighieri, vetada pela prefeitura, centenas de pessoas perderam um pouco da visibilidade, principal bandeira do movimento.
O pátio do estacionamento privado São Cristóvão, esquina da Rua Os Dezoito do Forte com a Marechal Floriano, em São Pelegrino, fica abaixo do nível da rua. Logo, a multidão que tem acesso ao local por duas rampas quase não é vista por quem passa na rua.
Sabe-se que ocorre uma festa pública em homenagem à diversidade pelo som alto da música, pelo palco dos shows e pelo colorido das bandeiras arco-íris nas calçadas. É um cenário diferente de anos anteriores, quando muito mais pessoas vislumbravam o evento na Rua Marquês do Herval.
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Jeferson Kessler, um dos integrantes da comissão organizadora, já imaginava que o público seria menor justamente devido à decisão administrativa que não permitiu o movimento no centro da cidade.
— Temos umas 2 mil pessoas aqui, percebemos que o público é menor porque não temos tanta visibilidade. No Centro seria bem diferente — pondera Kessler.
O metalúrgico Genelci Mello Netto, a mulher dele Márcia Wollf, e o filho Vitor vieram do bairro Serrano com dois objetivos: apoiar a causa e se divertir.
— A gente trouxe o nosso guri para que ele cresça sem preconceito. Nós apoiamos a diversidade — resume Genelci.
Perto dali, as namoradas Jéssica Ávila, 24, e Evelin Francisquetti, 17, dançavam e ao mesmo tempo se questionavam sobre o novo endereço da Parada Livre. As duas moram no bairro Rio Branco e acham ruim a mudança de local, mas aprovam a organização e as atrações.
— A única palavra é a resistência. Estamos resistindo ao preconceito — diz Larrisa, justificando a participação no evento LGBTI.
— Estamos na festa porque nos sentimos segura, como se fosse uma família — complementa Jéssica.
A festa atraiu caravanas de Porto Alegre, Esteio, Sapucaia do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha. Até o início da noite deste domingo, estavam previstas um total de 55 apresentações. Sugere-se a doação de brinquedos ou doces que serão entregues para o projeto Elo do Bem, uma festa de natal para crianças em situação de vulnerabilidade.
ENTENDA
:: A prefeitura de Caxias não permitiu que o evento ocorresse na Rua Marquês do Herval, ao lado da Praça Dante Alighieri, onde foram realizadas 15 edições da Parada, e também negou autorização para a atividade na Praça das Feiras e na Rua Plácido de Castro, outros locais solicitados pela comissão.
:: O único ponto sugerido pelo município, desde o primeiro contato com os organizadores, em agosto, foi o Centro Cultural Dr. Henrique Ordovás Filho, no bairro Panazzolo.
:: Segundo nota da Secretaria da Cultura, divulgada na sexta-feira, "entre os critérios de análise dos eventos está o cruzamento de datas com os demais, o plano de ação das secretarias que irão prestar o apoio institucional, entre outros. No caso do evento citado (a Parada Livre), a diretriz é de fortalecer com o direcionamento de alguns eventos o caráter cultural do Ordovás, tornando cada vez mais conhecido na sociedade sua contribuição".
:: Os organizadores da Parada Livre, porém, consideraram o Ordovás inadequado para um evento cujo público gira em torno de 5 mil pessoas em anos anteriores.
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