A invasão verde e amarela que não veio em julho com a seleção de Tite se fez notar com muito mais força e barulho na Praça Dante Alighieri na noite deste domingo, tão logo se desenhou a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições presidenciais. Com bandeiras do Brasil às costas ou agitadas pelas mãos, os eleitores que em Caxias do Sul deram mais de 70% dos votos ao candidato de extrema-direita celebraram a vitória ocupando a escadaria da Catedral Santa Teresa e concentrando-se no trecho da Rua Sinimbu entre as esquinas da Marquês do Herval e Dr. Montaury.
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Impulsionado pelo buzinaço e pelo estouro de fogos de artifício, o barulho foi ainda maior nas pausas entre as frases do discurso da vitória de Bolsonaro, por volta das 20h.
Para conter excessos e evitar tumultos, do outro lado da Praça, próximo à Avenida Júlio de Castilhos, uma dezena de policiais e guardas municipais com as viaturas estacionadas davam garantia de ordem. Nenhuma ocorrência foi registrada até as 21h30min.
Fé na segurança e no combate à corrupção
No discurso dos eleitores, as declarações eram de esperança baseada nas principais bandeiras levantadas por Bolsonaro durante a campanha: a segurança, o combate à corrupção, o corte de gastos públicos. Principalmente entre casais que levaram seus filhos pequenos para a Praça, as declarações eram de crença na diminuição da criminalidade.
– A parte da segurança é o que toca na gente que tem criança e que quer criar os filhos como fomos criados, podendo sair à noite sem preocupação com a violência. A insegurança nos trava muito – opinou a faturista Tatiana Munhoz, 38, que levou para a festa a filha Carolina, 4 anos.
Tatiana, contudo, considera que há conceitos que podem ser revistos pelo polêmico presidente eleito.
– O ponto em que ele diz que família é só homem e mulher é algo que eu acho que ele tem que rever, porque o conceito de família é muito mais amplo – ponderou.
Embora a atmosfera fosse de confiança na confirmação do que apontavam as pesquisas de intenção de voto, até a divulgação da boca de urna do Ibope, às 19h, foi difícil conter o nervosismo. A gerente comercial Michele Lohmann, 25, se disse tão aliviada quanto esperançosa, principalmente na recuperação da economia.
– Não consegui nem comer, de tanta apreensão. Agora é confiar. Acho que a economia vai ressuscitar, dá para saber só com a escolha do economista dele (Paulo Guedes), por quem tenho grande admiração. Bolsonaro não teve nenhuma proposta? Não teve mesmo. Mas ele se propôs a tapar o buraco do balde, a corrupção, e é isso que esperamos – destacou.
Também houve quem alegasse o ódio ao PT como principal razão para escolher o candidato do PSL:
– Eu sou anti-petista. Se a eleição fosse entre o candidato do PT e um cachorro, eu votaria no cachorro – disse o comerciante Raul Didonet, 39.