Santa Catarina é vista como modelo da informatização da Polícia Militar, que trocou os blocos de papel por tablets na hora de registrar ocorrências na rua, um benefício para a população. É um modelo a ser perseguido para modernizar o atendimento da Brigada Militar na Serra, ainda refém de um sistema antigo — boa parte dos casos são registrados em papel para só depois serem inseridos na base de dados oficial.
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Mas o próximo governo do Estado também pode se basear numa iniciativa local para incluir mais a tecnologia no combate ao crime. Bento Gonçalves investiu em monitoramento inteligente para driblar a falta de efetivo. No final do ano passado, com recursos da iniciativa privada, o município inaugurou um sistema que vale pelo olhar atento de vários PMs na rua ao mesmo tempo. São 29 câmeras com programas analítico e sinóptico e outras três que fazem a leitura de placas de veículos. Em breve, a cidade ganhará mais cinco leitoras de placas.
O software de monitoramento inteligente é o mesmo empregado pelas Forças Especiais de Israel. Se alguém cometeu o crime no ângulo de visão da câmera, o programa vai procurar o suspeito com base nas características — 24 horas de gravação podem ser reduzidas a 24 minutos de busca. É o próprio sistema que alerta se alguma movimentação suspeita está ocorrendo no ponto monitorado. Em Caxias, por exemplo, a análise de imagens do monitoramento de rua é manual e levaria dias ou horas.
— Dá para colocar características de um veículo, de um suspeito no sistema e as câmeras vão procurar o indivíduo parecido como a cor da roupa, do sapato, o modelo do carro — explica o PM Adelino de Oliveira Ramos Júnior, um dos operadores do Centro Integrado de Segurança Pública (Ciop).
Em vídeo, veja como funciona o monitoramento inteligente em Bento Gonçalves:
Aliado ao policiamento de rua, o monitoramento inteligente ajudou a reduzir crimes contra o patrimônio. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), mostram que a média mensal de furtos em geral reduziram 27% neste ano em relação a 2018, assim como os furtos de veículos (-7%) e assaltos (-22%). Os roubos de veículos, por sua vez, se mantiveram estáveis. Crimes já foram solucionados ou impedidos a partir das imagens. Os homicídios, porém, estão em alta.
— Buscamos também detecção facial. Ainda não temos implantado, mas é possível captar a imagem de um rosto e jogar no banco de dados para conferir com a identificação de algum suspeito já cadastrado — complementa Oliveira.
O secretário de Segurança de Bento, José Paulo Iahnke Marinho, diz que o Ciop concentrará futuramente o monitoramento de 25 municípios.
— Nós compramos 46 câmeras para distribuir nas entradas e saídas da região. Se alguém conseguir escapar de um local, será flagrado em outro. A câmera possibilita identificar o carro e acionar a polícia — exemplifica o secretário Marinho.
Conforme o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha (Cisga), 17 municípios já aderiram ao cercamento eletrônico.
— Estamos estabelecendo um convênio com a PRF que cederá o banco de dados de veículos. A ideia é ampliar os recursos, interligado com os comandos da BM de Bento Gonçalves e Farroupilha. Não será preciso ter um policial em cada município monitorando as imagens, pois já haverá esse trabalho nos batalhões — detalha o diretor executivo do Cisga, Rudimar Caberlon.
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