Uma maior participação das comunidades na segurança pública dependerá do interesse e estímulo do próximo governo gaúcho. Como parâmetro, autoridades locais citam o trabalho realizado por 800 moradores do bairro Cinquentenário, em Caxias do Sul, que se esforçam para preencher as brechas deixadas pelo poder público.
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O projeto Cinquentenário em Alerta, criado em 2015, consiste na troca de informações entre vizinhos, no monitoramento eletrônico e na organização de lideranças para evitar crimes. A mobilização começou após uma sequência de assaltos a residência com reféns. Numa pesquisa, os voluntários identificaram que 60% dos moradores entrevistados já haviam sofrido algum tipo de delito. A vizinhança percebeu, então, que a união, a informação e a prevenção eram as principais armas contra a insegurança.
O bairro foi dividido em 11 setores, cada um responsável pela gestão das informações. O trabalho consiste em alertas emitidos por meio de WhatsApp. Se um suspeito está rondando a rua, a informação de um "olheiro" é colocada no grupo. Caso necessário, a Brigada Militar e uma empresa de segurança são acionados para abordagens.
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Quem possui câmeras de monitoramento e faz parte do projeto, cede as imagens para o controle de uma empresa de segurança. É um minicercamento eletrônico. Os coordenadores do Cinquentenário em Alerta podem ver as imagens de um celular. Moradias também já contam cerca eletrônica: se alguém estacionar na frente da moradia, por exemplo, um alarme dispara na tela da empresa de vigilância. A outra ponta do processo compete ao Estado, com a participação de soldados do Policiamento Comunitário da BM. Os brigadianos se comprometem a fazer rondas, barreiras e outras atividades.
A mobilização é gerida por um comitê sob a coordenação do consultor empresarial Elton Gausmann. O principal objetivo é ter 100 câmeras ativas no bairro, incluindo equipamentos públicos, nas principais ruas.
— Estamos fazendo esse projeto com a empresa de segurança para disponibilizar as imagens a todos os moradores. Daqui a pouco, poderíamos disponibilizar para os órgãos de segurança. Nosso pleito atual é colocar placas na entrada do bairro para mostrar que estamos monitorando as nossas casas — diz Gausmann.
O trabalho, que ampliou a sensação de segurança e o número de assaltos, tem chamado a atenção de outras comunidades de Caxias, que já receberam informações do modelo. Assim como o Cinquentenário, o Colina Sorriso é outro bairro que consolida a segurança cidadã. São mil moradores integrados em quatro grupos para troca de informações e seis câmeras nas entradas e saídas da comunidade.
— É um somatório: comunidade unida, câmeras e policiamento comunitário. O próximo governo vai ter que manter e ampliar o Policiamento Comunitário e nos ajudar a manter esse trabalho — diz o presidente da Associação de Moradores do Colina Sorriso, Élvio Gianni.
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