Uma boa notícia para pessoas que sofrem de obesidade mórbida e estão em busca de uma vida mais saudável: o processo para a realização da cirurgia bariátrica (redução de estômago) via Sistema Único de Saúde (SUS) na Serra ficou mais rápido.
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Com a aprovação do procedimento no Hospital Geral (HG), em Caxias do Sul, o tempo de espera entre entregar a papelada na unidade básica de saúde (UBS), consultar com a equipe médica e realizar a cirurgia agora varia de três a seis meses, segundo a coordenação do serviço de cirurgia bariátrica do hospital. Antes de o HG fazer o convênio, os pacientes da região precisavam recorrer a instituições de Porto Alegre, numa espera que chegava a mais de cinco anos.
O cirurgião Henrique Giovanardi, coordenador das cirurgias bariátricas no HG, frisa o tempo de espera depende do índice de massa corporal (IMC) do paciente:
— Se o paciente precisa emagrecer antes da cirurgia, o processo depende da evolução desse paciente — afirma ele.
Habilitado pelo Ministério da Saúde em fevereiro de 2017 como unidade de assistência de alta complexidade a pacientes com obesidade grave, o Hospital Geral realizou a primeira cirurgia em setembro do ano passado.
Na época, conforme Giovanardi, cerca de 100 pacientes estavam à espera da cirurgia na Capital. Desde então, 75 pessoas já foram atendidas e passaram pela redução do estômago.
— São realizados dois procedimentos por semana, portanto, oito por mês. Alguns pacientes estavam na lista de espera há sete anos. Nosso planejamento é que, a partir do segundo semestre do ano que vem, já possamos aumentar o número de pacientes atendidos por semana e assim vamos atender pacientes novos porque em breve vamos zerar a demanda reprimida — ressalta o cirurgião.
Giovanardi lembra que desde 2006 uma equipe de médicos já lutava para iniciar as cirurgias bariátricas pelo SUS na região da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). Depois de 11 anos de batalha, o Ministério da Saúde e a prefeitura de Caxias do Sul, que tem gestão única da saúde, chegaram a um acordo.
— Nós dependíamos muito do município para prestar o serviço, precisávamos dessa autorização. Depois da aprovação, o tramite foi rápido: em junho começamos a chamar os pacientes e, em setembro, realizamos o primeiro procedimento. Infelizmente, a cirurgia ainda é convencional, com o corte na barriga, porque apesar de o SUS ter autorizado o procedimento por videolaparoscopia (sem corte), não há verba para o procedimento — explica, acrescentando que a técnica por vídeo é menos invasiva e mais confortável para o paciente.
Nesta cirurgia, são feito de três a cinco pequenos furos no abdome, permitindo a passagem de instrumentos cirúrgicos e uma microcâmera que permite a visualização do estômago.
"A cirurgia não é um milagre"
Conforme o cirurgião Henrique Giovanardi, 50% dos brasileiros sofrem com a obesidade. Destes, 7%, que equivale a 1,4 milhão precisarão de tratamentos especiais para reduzir o peso, como a cirurgia bariátrica. Contudo, Giovanardi alerta que o procedimento deve ser visto como a última opção e é indicado àqueles pacientes que já tentaram emagrecer por meios convencionais por, pelo menos um ano, e não conseguiram manter a evolução na perda de peso.
— A cirurgia bariátrica é uma ferramenta no controle e tratamento da obesidade, porque esta não tem cura. A cirurgia não é um milagre e, por isso, os pacientes têm de pensar na melhor maneira de usar essa ferramenta ao longo da vida. Sozinha ela não resolve o problema. Equipes disciplinares auxiliam o paciente nessa busca por melhor qualidade de vida — contextualiza o médico.
Porta de entrada é a UBS
O paciente que tem intenção de fazer a cirurgia bariátrica deve procurar a UBS mais próxima e seguir o fluxo de atendimento determinado pela Secretaria de Saúde do município onde vive. As consultas serão agendadas no Ambulatório Central da Universidade de Caxias do Sul (UCS), em Caxias.
No ambulatório, o paciente passará por triagem com a equipe médica para avaliar os critérios de inclusão ao Serviço de Obesidade Mórbida. Se preencher os critérios que indicam a necessidade do procedimento, ele passará por avaliação pré-operatória com clínico- geral, cardiologista, pneumologista e endocrinologista, além de atendimento com psicólogo, nutricionista e assistente social.
O paciente e familiares ainda passarão por atendimento em grupo para o esclarecimento quanto aos cuidados pré e pós-procedimento. Após a cirurgia, o paciente continuará recebendo acompanhamento da equipe do ambulatório, com trabalho individual e em grupo, por 24 meses, visando a eficácia do procedimento. Depois disso, analisa-se a necessidade de avaliação de outras especialidades, como a cirurgia plástica.