Há 28.585 mil pessoas aguardando consultas com médicos especialistas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul, conforme levantamento da Secretaria Municipal da Saúde do início de junho. A espera para atendimentos pode variar, no Centro Especializado de Saúde (CES), de alguns dias para até quase dois anos, dependendo da especialidade.
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Para amenizar o problema, o secretário de Saúde de Caxias, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, aposta num conjunto de ações que, ele acredita, podem trazer mudanças já no final de julho. Conforme Freitas Júnior, o primeiro passo é quantificar de maneira mais precisa a demanda real por atendimentos.
— Estamos com um grupo técnico atualizando as listas (de espera) para deixá-las dentro da real necessidade, para planejar ações no menor tempo possível.
Segundo o secretário, a ideia é contatar as pessoas que estão na fila para verificar se elas ainda buscam o atendimento.
— Muitas vezes, o usuário acaba buscando um atendimento fora da rede, com recursos próprios, e já não é mais necessário atendimento com especialista — justifica.
No mês de maio, por exemplo, os pacientes não foram a 22,94% das consultas com dermatologistas agendadas no CES. O atendimento na especialidade pode levar até 606 dias, ou mais de um ano e sete meses.
O levantamento junto aos pacientes também busca estimar quantas consultas devem demandar exames, para, de acordo com Freitas Júnior, não criar uma nova fila insuperável por diagnósticos. Com a demanda real em mãos, o que deve ocorrer entre o fim de julho e o início de agosto, a prefeitura pretende otimizar os recursos disponíveis para diminuir a espera por consultas. Não está descartada a realização de mutirões, ou seja, atendimento em horários estendidos.
— Vamos colocar toda a nossa capacidade instalada para atender essas demandas. Estamos trabalhando com a equipe para que os profissionais se organizem para fazer esse trabalho, nem que seja em regime de mutirão — aponta.
Caso a estrutura do município seja insuficiente, o secretário projeta a contratação de novos prestadores de serviço, tanto para o atendimento ambulatorial quanto para a realização de exames.
— Nem que a gente tenha de buscar alguns serviços de fora do município, vamos dar vazão a essa demanda. Mas, primeiro, temos de quantificar para ver quanto será necessário investir para agilizar o andamento dessas filas.
Para a rede básica, UBS+ segue sendo a solução
Se a prefeitura de Caxias busca novas soluções para diminuir as filas para atendimento com especialistas, para o gargalo da rede básica, a única solução apontada ainda é o programa UBS+, que transferiria os profissionais do Postão para as unidades básicas de saúde (UBS). O secretário defende a medida por meio dos números de atendimentos no Postão e na UPA: conforme Freitas Júnior, a unidade na zona norte atingiu cerca de 9 mil pessoas em junho, mas 75% dos atendimentos não eram de urgência. Já no Postão, de mais de 10 mil consultas, 82% não seriam urgentes, ou seja, poderiam ser resolvidas em UBSs.
Para efetivação do programa, porém, o município defende a gestão compartilhada do Postão, o que já foi rechaçado pelo Conselho Municipal de Saúde e servidores municipais. Para vencer a resistência, o secretário busca retomar o contato com a nova gestão da entidade, que assumiu em maio.
— Vamos dar continuidade ao trabalho junto ao Conselho. A própria Conferência Municipal de Saúde vai ser um espaço para mostrarmos nossas estratégias e resolver estas questões, já que para muitas das dificuldades, a solução está no UBS+ — reforça.