A cada dois dias, um morador pede ajuda para deixar Caxias do Sul e retornar ao município de origem. Até a semana passada, 67 solicitações de auxílio-mudança foram encaminhadas à prefeitura desde o início do ano. Deste total, 46 foram atendidos e os outros 21 pedidos foram cadastrados na última semana, em reunião na Secretaria Municipal de Habitação (SMH), pasta que coordena o benefício gratuito.
No ano passado, 198 famílias solicitaram a ajuda, conforme dados da prefeitura, média parecida com a atual. Apesar de expressivo, o número não bateu o recorde de 2016, quando mais de 350 pessoas buscaram o auxílio. O auxílio-mudança existe há três anos.
— Naquela época, foram filas grandes que se formaram aqui. Muita gente estava indo embora por causa da crise — comenta o gerente de Infraestrutura do setor de Obras da secretaria, Oneide Andreis.
Segundo ele, os motivos de quem quer deixa Caxias do Sul são variados, mas a maioria está ligada à falta de oportunidades de trabalho na cidade. Os destinos mais procurados são Santana do Livramento, Uruguaiana e a região das Missões como um todo.
— Geralmente são casais que tentam a sorte em Caxias do Sul, mas, por não ter uma profissão definida, acabam não conseguindo boas oportunidades e ficam pagando aluguel na periferia da cidade. Também existem casos em que há a separação do casal e a mulher pede ajuda para retornar à cidade de origem — explica Andreis.
Foi justamente a dificuldade em se manter financeiramente o motivo pelo qual a cuidadora de idosos Marli Delair Pereira da Silva, 53 anos, quis retornar a Jaquirana. Ela e o filho, Alexandro Pereira, 20 anos, se mudaram para Caxias há cerca de um ano, mas como ele não conseguiu trabalho, a situação ficou complicada. Eles moram na região do bairro São Ciro.
— O meu filho largou currículo por tudo, mas não tem jeito de conseguir trabalho. Eu cuido de um casal de idosos, mas meu contrato está acabando nesse mês e não deu mais certo. Eu quero voltar pra lá (Jaquirana), porque tenho certeza que vai ter mais oportunidade para o meu menino _ diz Marli, que pretende se mudar até a metade de maio.
O caso da vendedora Daiane Martins da Fontoura, 36, é um pouco diferente. Ela precisou do auxílio-mudança em 2016, quando um familiar ficou doente em Rosário do Sul, sua cidade natal. O serviço foi tão satisfatório que a vendedora indicou para uma amiga e representou ela na reunião promovida pela Secretaria de Habitação na semana passada.
— Em uma semana, eles conseguiram resolver para mim. Fui muito bem atendida do começo ao fim. Até me emociono em falar, porque eu precisava mesmo. Foi uma grande ajuda — diz Daiane.
A vendedora conseguiu retornar para Caxias do Sul no final do ano passado ao convite de uma empresa e, ao saber da dificuldade da amiga em transportar a mudança para Cruz Alta, não pensou duas vezes em indicar o serviço da prefeitura.
— Tenho certeza que vamos levar as coisinhas dela para lá o quanto antes — comenta a vendedora, ressaltando que a mudança deve ocorrer até a próxima semana.
Benefício vale apenas para cidades do RS
A lei municipal garante o transporte apenas para cidades gaúchas. Mesmo assim, a Secretaria de Habitação (SMH) recebe solicitações para transportar móveis e eletrodomésticos para fora do Estado e até do país, mas os pedidos são recusados.
O cadastro é feito durante as reuniões mensais na Secretaria de Habitação (veja o calendário abaixo). Os encontros ocorrem em dois horários: às 8h30min e às 13h, no térreo da prefeitura. É preciso levar CPF, RG, e os endereços de origem e destino.
— O aumento das reuniões, que antes aconteciam a cada dois meses, é um atendimento à demanda e também para evitar cancelamentos em cima da hora. Aconteceu muito o ano passado de o caminhão chegar na casa da pessoa e ela informar que não iria mais se mudar naquele dia. É uma questão de gerenciamento e responsabilidade com o gasto público — explica o secretário da Habitação, Elisandro Fiuza.
Nos encontros, os moradores são informados como funciona o processo para a mudança. O carregamento dos móveis e utensílios domésticos é feito com um dia de antecedência da viagem _ a data é solicitada pelo morador conforme a sua urgência. O morador é o responsável pelo desmonte e embalagem dos materiais, bem como o carregamento no caminhão. Cada veículo da prefeitura comporta duas mudanças por vez.
O único gasto da família beneficiada são com os possíveis pedágios no trajeto. É proibido, por exemplo, carregar máquinas e animais no caminhão. Os moradores também não podem pegar carona no veículo para seguir viagem até o destino final.
Lei
O benefício foi concedido a partir de uma determinação municipal baseada na lei nº 7.968.
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