Fazia muito tempo que um ano não começava com uma grande redução de roubos e furtos de carros em Caxias do Sul. Os 104 veículos levados por ladrões em janeiro pode parecer alto, mas se comparado ao mesmo período de anos anteriores, é o menor volume desde 2011 (confira quadro abaixo). Enquanto a Brigada Militar (BM) exalta a maior presença de PMs nas ruas como justificativa do resultado, a Polícia Civil se orgulha de ter atacado a estrutura de uma organização criminosa especializada nesses crimes.
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A Operação Vida Fácil foi deflagrada na manhã de 21 de dezembro e desarticulou uma quadrilha que, segundo estimativa da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), movimentou mais de mil veículos nos últimos quatro anos. Os investigadores conseguiram mapear a função de cada integrante do bando e 12 homens indiciados por associação criminosa. A investigação, no entanto, prossegue com outros 35 inquéritos em aberto, que são relativos aos crimes de furtos, extorsão e receptação.
— Esses inquéritos individualizados vão fazer com que cada membro responda pelo crime (específico) que cometeu. É uma investigação com elementos técnicos capazes de abastecer promotores e juízes na hora do julgamento — explica o delegado Adriano Linhares.
Com o resultado, o chefe da Defrec começa a cumprir a primeira missão que recebeu quando chegou em Caxias do Sul em agosto passado. Linhares, porém, ressalta que o combate ao furto e roubo de veículos continua uma prioridade e que os índices podem reduzir ainda mais.
— Percebemos uma grande redução dos crimes, mas ainda não iremos comemorar. Há diversos outros infratores e uma outra quadrilha que são alvos de investigações nossas. Já entendemos como o crime funciona (na cidade) e estamos nos movimentando melhor — afirma.
O delegado Linhares defende que as investigações precisam alcançar criminosos que enriquecem com o crime. Nesta linha, o ladrão que está nas ruas é visto como uma peça de um grande quebra-cabeça.
— O trabalho precisa ser silencioso e de profundidade para atacar toda a cadeia criminosa. Procuramos, a partir da técnica, transparecer esta teia criminosa para que o Poder Judiciário tenha mais elementos para trabalhar — ressalta o titular da Defrec.
BM lembra maior presença policial nas ruas
Em 2016, mais de sete automóveis eram furtados ou roubados por dia em Caxias do Sul. O índice acendeu o alerta nas forças de segurança. Neste ano, com reforço no combate a esse crime, a média caiu para três veículos levados por ladrões por dia. O tamanho da redução registrada em janeiro surpreendeu positivamente os próprios órgãos policiais caxienses.
Comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), o major Jorge Emerson Ribas exalta o atual momento de confiança e integração entre a Brigada Militar (BM) e a Polícia Civil. O oficial relata que há uma troca de informações sobre crimes que auxiliam ambos os lados.
— A surpresa é pelo percentual (elevado) em termos de redução. É o resultado das prisões que estão ocorrendo. Nossas patrulhas estão sempre atentas às situações suspeitas sobre veículos. Quando a prisão é seguida de uma investigação, como está ocorrendo, os resultados são ainda melhores — salienta Ribas.
Enquanto a Operação Vida Fácil desarticulou uma quadrilha especializada em furtos, o foco do 12º BPM está no combate aos roubos por um motivo: esse tipo de delito pode virar um latrocínio. A chegada de novos soldados e a maior presença policial nas ruas centrais é apontado como um ponto chave para inibir os ataques.
— Acredito que estes resultados também são um reflexo da Operação Papai Noel. Nosso efetivo estava todo voltado para atuação nas ruas e desenvolveu um forte trabalho preventivo que continua reverberando — destaca o major.