A grande incidência de febre amarela silvestre no Brasil, uma das maiores das últimas décadas segundo o Ministério da Saúde, é uma das razões para a grande procura por vacina contra a doença na rede pública de saúde de Caxias. Na manhã desta quarta-feira, o Centro de Saúde, na Rua Pinheiro Machado, tinha fila de pessoas em busca da imunização.
Jucemira Castilhos foi uma das que procurou atendimento e reclamou da demora: ela chegou às 8h10min no serviço e saiu às 9h20min sem ser atendida. Segundo ela, no início da manhã, mais de 25 pessoas procuraram a unidade para se vacinar contra a febre amarela. A demora, ainda de acordo com Jucemira, foi justificada pela responsável pelo Centro de Saúde em função da "falta de pessoal no período de férias".
Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria municipal da saúde não confirmou essa informação. Afirmou que haviam funcionários para atender na manhã desta quarta-feira e que a demora só ocorreu em função do grande movimento.
Para evitar as longas filas, a secretaria pede para que a população procure as unidades básicas de saúde para receber a vacina, e não somente o Centro de Saúde. Todos os postinhos realizam esse serviço nas quartas-feiras, com exceção da UBS do Parque Oásis, que só faz a aplicação nas terças-feiras.
A febre amarela, uma doença que pode ser mortal, provoca febre, calafrios, fadiga, dores de cabeça e dores musculares, geralmente associados com náuseas e vômitos. Os casos graves levam a uma insuficiência renal e hepática, icterícia e hemorragia.
Desde julho de 2017 já foram registradas 20 mortes por febre amarela no Brasil. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde em entrevista coletiva nessa terça-feira. A situação é mais grave nos estados de São Paulo (20 casos e 11 mortes), Minas Gerais (11 casos e 7 mortes), Rio de Janeiro (3 casos e 1 morte) e DF (1 caso e 1 morte). Em razão do aumento dos casos, a Organização Mundial da Saúde classificou hoje o conjunto do estado de São Paulo de área de risco e recomendou a viajantes internacionais tomar vacina específica e se imunizar contra o vírus.
SAIBA MAIS
O que é febre amarela
É uma doença febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por mosquitos).
Quais os sintomas
Os primeiros sintomas são inespecíficos, como febre, calafrios, dor de cabeça, dor nas costas, dores musculares generalizadas, prostração, náuseas e vômitos. Após esse período inicial, geralmente ocorre declínio da temperatura e diminuição dos sintomas, provocando uma sensação de melhora no paciente. Em poucas horas (no máximo, um ou dois dias) reaparece a febre. A diarreia e os vômitos ficam com aspecto de borra de café.
Silvestre ou urbana?
Existem dois tipos de febre amarela: silvestre e urbana, e o vírus transmitido é o mesmo. A diferença entre elas é o mosquito vetor envolvido na transmissão. Na urbana, o vírus é transmitido ao homem pelo mosquito Aedes aegypti. Na silvestre, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus, e os macacos são os principais hospedeiros. Assim, os casos humanos ocorrem quando uma pessoa não vacinada entra em uma área silvestre e é picada por mosquito contaminado. No Brasil, não há registro de febre do tipo urbana desde 1942. Os casos registrados atualmente no país são classificados como silvestre.
Onde se vacinar?
No Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES), há vacinas disponíveis em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todos os municípios. A vacina também está disponível em clínicas particulares.
Para quem a vacina é contraindicada
- Pacientes com imunodeficiência primária ou adquirida;
- Indivíduos com imunossupressão secundária à doença ou terapias;
- Imunossupressoras (quimioterapia, radioterapia, corticoides em doses elevadas);
- Pacientes em uso de medicações anti-metabólicas ou medicamentos modificadores do curso da doença (Infliximabe, Etanercepte, Golimumabe, Certolizumabe, Abatacept, Belimumabe, Ustequinumabe, Canaquinumabe, Tocilizumabe, Ritoximabe);
- Transplantados e pacientes com doença oncológica em quimioterapia;
- Indivíduos que apresentaram reação de hipersensibilidade grave ou doença neurológica após dose prévia da vacina;
- Indivíduos com reação alérgica grave ao ovo;
- Pacientes com história pregressa de doença do timo (miastenia gravis, timoma).