Depois de um 2017 cheio de expectativas frustradas, a haitiana Monette Esperance, 29 anos, moradora de Caxias do Sul há cinco, está mais perto de se reencontrar com os três filhos e de trazê-los para junto de si na cidade. Além do passaporte emitido, as crianças já têm visto brasileiro aprovado. Resta agora a chegada da documentação ao Consulado do Haiti para que Esperance viaje até o país caribenho e busque os filhos. Não há estimativa de liberação deste processo, mas é possível que seja resolvido ainda em fevereiro. O Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) e a população, por meio de uma vaquinha virtual, ajudaram a imigrante a arrecadar os mais de R$ 24 mil necessários para financiar a viagem dos pequenos até Caxias. No entanto, desde o fim de 2016, quando este dinheiro foi depositado, trâmites burocráticos entre Brasil e Haiti dificultaram a vinda de Adjy, nove anos, Betchnaille, sete, e Djodly, 11, ao Brasil.
— Nós achamos que o difícil seria arrecadar o dinheiro quando, na verdade, foi o mais rápido. Não imaginávamos que seria um ano inteiro de luta _ afirma a coordenadora do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), irmã Maria do Carmo Gonçalves.
O processo burocrático que se arrasta desde o início do ano passado é coordenado pelo CAM. O órgão, porém, não imaginava enfrentar tantas complicações para regularizar a transferência da família. Tanto a emissão do passaporte quanto a aprovação do visto precisaram ser encaminhados no Haiti por uma irmã de Esperance.
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— Como o dinheiro que ela tem é específico para a viagem, ela não pode arriscar em ir para lá e esperar os documentos ficarem prontos. Ela vai para buscá-los quando estiver tudo certo. Desta vez, estamos mais confiantes — afirma o advogado Adriano Pistorelo, que trabalha voluntariamente no CAM.
Enquanto aguarda os últimos entraves para voltar a abraçar os filhos — que não vê pessoalmente desde 2013, quando imigrou para o Brasil e os deixou aos cuidados da avó materna —, a representante de vendas arruma o quartinho das crianças na humilde casa em que vive, no bairro Esplanada. A alegria da reaproximação se soma à ansiedade em viajar o quanto antes ao Haiti. É para garantir uma vida mais digna, longe da fome e da miséria, e por um futuro mais promissor que Esperance batalha tanto para ter os filhos pertinho.
— Eu falo com eles e eles só me perguntam: quando vamos ao Brasil, mamãe? Mas agora eu digo que falta pouco. Espero que bem pouco — diz, cheia de expectativas.
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