Mudar o foco da Guarda Municipal de Caxias do Sul da preservação dos órgãos públicos para a proteção do cidadão foi promessa do prefeito Daniel Guerra (PRB) na eleição no ano passado. O discurso da Polícia Municipal colocou a corporação em evidência nestes primeiros oito meses de gestão. No entanto, algumas intervenções da corporação foram questionadas e a Câmara de Vereadores convocou uma audiência pública para debater o papel da Guarda Municipal nesta segunda-feira.
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A escolha pelo José Francisco Mallmann para a pasta, nome mais relevante do secretariado de Guerra, reforçou este comprometimento. Com a experiência de ser um ex-delegado federal e ex-secretário estadual de Segurança Pública, orientou a nova postura e criou uma diretoria de inteligência. A presença ostensiva foi garantida com operações, como a Centro Legal, de combate a venda ilegal, e Cerca Viva, com barreiras periódicas nas principais vias de acesso à cidade.
A repercussão inicial foi positiva, no entanto o próprio secretário municipal admite as ações perdem força pela carência de investimentos. Em abril, a prefeitura alegou falta de dinheiro para não chamar aprovados no último concurso. O edital expirou e a contratação de novos guardas ficou prometida para 2018, após alterações no certame da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Se tudo der certo, a ampliação ocorre no segundo semestre do ano que vem.
A falta de efetivo é apontada como principal desafio para Guarda Municipal se fazer relevante nos bairros. A criação de bases nas periferias e uma atuação comunitária, junto com um patrulhamento rural, são desejos, ainda que distantes, da atual administração. O secretário Mallmann não cansa de repetir que, com os investimentos certos, em seis anos a corporação poderá ter mais de 400 servidores – ultrapassando o número de PMs na cidade – e se tornar protagonista na preservação da ordem no município.
Para este futuro ambicioso, Mallmann conta com a compra de mais armas, equipamentos e viaturas para a Guarda Municipal. Estes investimentos estão planejados, mas ainda não têm prazo. Hoje, a corporação possui cinco veículos e três estão em manutenção. Segundo o secretário, seriam necessárias 15 viaturas. Armas de fogo são 29, mas Mallmann deseja aumentar para 100, semelhante ao número de servidores que estão habilitados para o uso.
– O momento é de investir na Guarda. Temos que colocar os recursos naquilo que é do município – afirma o secretário.
Por enquanto, a postura mais agressiva da corporação não se refletiu no combate ao crime. Nos oito primeiros meses de "Polícia Municipal", foram registradas seis prisões por porte ilegal de arma de fogo, sete por furto, uma por roubo e uma por tráfico.