Mateus Frazão
Para 12 moradores do loteamento Cinquentenário II o tempo corre em contagem regressiva. A qualquer momento, nos próximos dois meses, três famílias serão despejadas de quatro moradias erguidas em uma área pública ocupada irregularmente há mais de 20 anos, na Rua Walfrida Versteg. Embora o poder público trate o processo de forma técnica, em cumprimento a uma ordem judicial emitida neste ano, para os desabrigados, a situação é de desespero. Não há qualquer intenção sinalizada pela prefeitura em realocar a maior parte dos afetados pela desapropriação.
Apenas um dos casos irá receber auxílio: encostada, Lúcia Silvana de Andrade sofreu um AVC que paralisou todos os movimentos do lado esquerdo do corpo dela, há cerca de três meses. Hoje, ela se locomove por meio da cadeira de rodas. Forçada a agir após série de apelos da comunidade e da ordem judicial, a Fundação de Assistência Social (FAS) avalia encaminhar Lúcia e os dois filhos para acolhimento junto ao Albergue Municipal ou em uma das entidades conveniadas ao município.
A medida, no entanto, segundo a própria moradora, não é vista como adequada, pois deve dificultar ainda mais a rotina da ex-diarista, que depende de cuidados 24h por dia. É filho Deejan Tadeu de Andrade, 16 anos, quem a auxilia.
A prefeitura está tratando muito mal esse assunto, só querem que nos viremos.
Quando eu vim para cá, há 16 anos, isso era só mato e pedra e foi onde consegui ter a casinha para sustentar os meus cinco filhos. Agora, estou assim, com dois filhos para criar, sem renda, e o município ainda quer tirar o que tenho _ afirma Lúcia.
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