Depois que a 5ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul decidiu que o Sindicato dos Médicos deveria se afastar das negociações entre a categoria e a prefeitura, há uma semana, os médicos do Sistema Únido de Saúde (SUS) estavam sem representação oficial do movimento. Reivindicando melhores condições de trabalho e também aumento salarial, os profissionais estão paralisados, pela terceira vez no ano, há mais de duas semanas.
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Nesta quinta pela manhã, cerca de 30 servidores estiveram reunidos em uma assembleia para definir os rumos da paralisação. Uma comissão de sete médicos foi formada para que as tratativas possam continuar. A decisão foi de que a greve deve continuar por tempo indeterminado. Somente na quarta, 955 consultas deixaram de ser realizadas nas 47 Unidades Básicas de Saúde, no Centro Especializado de Saúde (CES) e no Cais Mental.
Sobre a representatividade no movimento, que não deve mais ser feita pelo Sindicato dos Médicos a partir da decisão da Justiça, os profissionais são taxativos ao afirmarem que não querem ser representados pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv). A falta de interesse pelas reinvindicações da categoria, incluindo a diminuição de carga horária, seria o principal motivo.
– O Sindiserv não tem interesse em representar a categoria e, com isso, se cria um vazio de representatividade – avalia Rafael Pretto, integrante da comissão de médicos ao lado de Gilney Correia, André Pormann, Geslainer França, Jordão Andrade, Antônio Casanova e Luciano Artico.
Silvana Piroli, presidente do Sindiserv, se defende ao afirmar que a entidade "foi criada para defender o interesse de todos os servidores e não de uma classe apenas". Ela garante que o sindicato não pode e não fará diferenciação de categoria de servidores:
– Lutamos pelo reajuste salarial dos servidores, mas de todos eles. Atualmente estamos discutindo 33 itens da classe servidora, e muitos deles são de interesse da saúde. Estamos abertos para receber os médicos para as nossas discussões, mas não é justo que a gente lute por interesses exclusivos. Não faremos isso.
Sobre a falta de representatividade dos médicos nas negociações, a procuradora-geral adjunta do município, Ana Cláudia Doleys Schittler, afirmou que o poder público está discutindo medidas que poderão ser tomadas em função da falta de um porta-voz nessa terceira greve da categoria médica neste ano. A primeira ação estudada, segundo ela, será a abertura de processo administrativo disciplinar contra os participantes do movimento. A prefeitura também aguarda uma liminar da Justiça a partir de uma ação que foi ingressada na quarta-feira passada pedindo a ilegalidade da greve.
Na decisão da 5ª Vara do Trabalho, o Sindicato dos Médicos deveria se afastar das negociações sob pena de multa diária de R$ 50 mil. A determinação também diz que "qualquer ato do Sindicato dos Médicos que configure representação da classe médica durante a paralisação" também será punido com multa de R$ 100 mil. Na semana passada, o Sindicato afirmou que recorreria da decisão.