Morador há 53 anos de Fazenda Souza, interior de Caxias do Sul, o agricultor e funcionário público Gilmar Baschera convive diariamente com o medo de sair ou chegar em casa. Na terça-feira da semana passada, ele teve a moradia arrombada por criminosos.
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– Saí cedo de casa para trabalhar e quando voltei encontrei a casa toda revirada. Não teve um cômodo em que eles (os bandidos) não mexeram. Levaram tudo o que puderam – conta Baschera.
Mesmo com o reforço no policiamento, o agricultor relata preocupação com a insegurança: a casa dele fica em uma região com poucos vizinhos.
– Vivo preocupado, com medo e pensando no que vou encontrar quando voltar para casa – desabafa.
Dias antes do assalto à moradia de Baschera, a família de Ademir Zanrosso, 49 anos, viveu momentos de pavor nas mãos de bandidos. No final da tarde de 14 de janeiro, um sábado, três homens renderam um familiar num parreiral e, em seguida, invadiram a residência, na Linha 40, em Caxias. Ao menos 13 pessoas, entre crianças e um cadeirante, ficaram em poder do trio por três horas.
– Foi terrível. Eles estavam agressivos, ameaçavam nos matar a todo instante, teve uma hora que falaram que iriam quebrar o braço do meu filho de 12 anos caso não entregássemos dinheiro – conta Zanrosso.
Preocupado com a situação, o agricultor afirma ter vontade ir embora da região.
– Nada intimida os bandidos. Já passei por isso três vezes. Se continuar assim, infelizmente vou pegar a minha família e ir embora. É triste, a gente fica sem saber o que fazer – lamenta Zanrosso.
Comerciante acredita que aproximação entre policiais e comunidade é essencial
A presença constante de policiais pelo interior tem deixado moradores e comerciantes mais tranquilos. Na tarde de ontem, o Pioneiro acompanhou uma viatura pelo distrito de Vila Seca e comprovou que a proximidade com os PMs ameniza o medo daqueles que já foram vítimas de criminosos.
– Fico muito feliz quando eles (os policiais) chegam aqui na minha loja. Ter eles circulando, vindo conversar com nós, me deixa mais segura – conta a comerciante Lurdes Kiekow, 47 anos.
Construir laços e conhecer as pessoas que moram em regiões mais afastadas é o foco dos soldados Douglas Lisboa Rodrigues e Carlos Gilliard Nunes Alves. Ambos moram em Vila Seca e já fazem parte da rotina da localidade.
– A gente procura estar perto sempre, reforçando que estamos aqui para ajudar e reforçar na segurança. Conhecemos a grande maioria dos moradores, sabemos onde moram e trabalham, o que facilita no nosso trabalho – conta o soldado Douglas, que também ressalta a parceria com escolas e administradores de pontos turísticos dos arredores.