A chuva deveria ser considerada um alívio nos dias quentes, mas se torna um problemão para alguns moradores do bairro Pio X, em Caxias do Sul. Basta uma nuvem mais escura aparecer no céu que o medo também vem junto. O motivo é a drenagem insuficiente em ruas como a Matteo Gianella, importante ligação do bairro com o centro da cidade.
O problema é antigo, e a solução parece estar longe. Enquanto aguardam uma resolução para a questão que se arrasta há décadas, cada família ou comerciante vai se virando como pode, caso da aposentada Inês Tomazi Matana, 78 anos, que mora na Rua Alfredo Jaconi. Ela só não é mais afetada pelo problema dos alagamentos porque mora no andar superior da casa. Mesmo assim, a aposentada tem dificuldade de alugar o porão da residência o que, consequentemente, deixa o orçamento da família mais magro no fim do mês:
– Quando a pessoa vem alugar a casa, a gente já avisa que tem o problema da chuva. Tem uns que já desistem quando a gente fala. Teve inquilino meu que já perdeu até rancho e coisas da casa por causa da água que entra – conta Inês.
O presidente da associação de moradores do Pio X, Alberto Camilo, diz que ampliar a capacidade da rede pluvial é a principal demanda da comunidade:
– Há 30 anos que eu sou presidente do bairro e há 30 anos que bato na mesma tecla: tem que solucionar os alagamentos do Pio X. Os moradores já até cansaram de me chamar pra ver até onde água chega quando chove mais forte – reforça o líder comunitário.
Proprietário da Casa Campeira, na esquina da Matteo Gianella com a João Adami, o empresário Jones Luiz Perin perdeu as contas de quanto prejuízo já teve com o aguaceiro que se forma em dias de chuva forte. Para tentar amenizar o problema, ele ergueu as prateleiras da loja cerca de 50 centímetros acima do chão e construiu uma proteção de metal na porta da loja.
– E a questão não é só no dia que chove. Porque vai um bom tempo até a gente conseguir por tudo em ordem depois do alagamento. Fica barro, umidade, tem que fazer reparo na rede elétrica – explica o comerciante que, em 2013, chegou a perder um carro por conta do volume de chuva na Rua João Dalfovo.
COMUNIDADE
População: 8.636 habitantes*.
Região: central.
Iluminação: boa, segundo avaliação da Amob.
Educação pública: alunos do Pio X são atendidos pela Escola Estadual João Triches e outras instituições de ensino dos bairros vizinhos. O bairro não conta com escola municipal de educação infantil.
Lazer: há uma Academia da Melhor Idade no bairro. A Amob solicita um espaço esportivo para os jovens do bairro, como uma quadra coberta, por exemplo.
Transporte: segundo o presidente da Amob, alguns moradores já procuraram a associação para reclamar sobre a distância das paradas de ônibus, que teria sido alterada há pouco tempo.
Saúde: moradores do bairro são atendidos nas unidades básicas de saúde (UBSs) dos bairros São José e Santa Lúcia Cohab.
*Censo IBGE de 2010.
FICOU NA PROMESSA
Em 2013, houve o anúncio que a prefeitura estaria enviando projetos a Brasília para obter recursos do PAC para obras de drenagem nos bairros Pio X e Marechal Floriano. A construção de um túnel na Rua Matteo Gianella solucionaria o problema dos alagamentos no Pio X. À época, a obra era estimada em R$ 12 milhões.
Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, o projeto do sistema de escoamento já foi executado pelos engenheiros responsáveis da pasta, mas como é uma obra de grande porte e o orçamento necessário é alto, há necessidade o repasse de verbas do governo federal para seja possível dar andamento na demanda.