Das 23h deste sábado até as 3h de domingo, órgãos de segurança de Caxias do Sul promoveram a segunda noite da força-tarefa no Largo da Estação Férrea, cuja proposta é ser permanente aos finais de semana. Ao contrário da sexta, quando mais de 40 agentes estiveram envolvidos, no sábado a ação contou com 19 servidores da Guarda Municipal e da Fiscalização de Trânsito – uma redução que se deve em parte à limitação de efetivo da Brigada Militar e da Polícia Rodoviária Federal, órgãos parceiros.
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Entre parte dos comerciantes e empresários que atuam na Estação, há o sentimento de que a ação de sexta-feira foi desproporcional e serviu principalmente para afastar consumidores. Para eles, não há necessidade de se fazer blitz na própria Estação, pois isso impede o fluxo normal de pessoas e não necessariamente afasta os mal intencionados, que na maioria das vezes estão informados sobre as blitze.
– Ontem ficaram aqui até as 3h, e 3h15min já havia carros com som alto e o tumulto de sempre. Impedir que menores consumam bebidas alcoólicas e pessoas andem armadas se faz com policiais e guardas circulando e abordando suspeitos. A blitze chama a atenção da sociedade, mas prejudica quem quer vir à Estação jantar, se divertir. Então que seja feita quatro ou cinco quadras adiante. Muitas pessoas reclamaram que estavam demorando quase uma hora para percorrer um trajeto de pouco mais de um minuto – reclama Adriano Pieta, administrador de um estacionamento.
O proprietário de um dos bares que fica na Rua Coronel Flores, que prefere não se identificar, diz que a força-tarefa "matou" a noite no seu estabelecimento, fazendo o movimento cair em 50% a 60%, uma que vez que a blitz de trânsito trancou a rua no momento de maior movimento. A mesma percepção tem Cristiano Bortolon, responsável pelo turno da noite de uma loja de conveniências na esquina da Rua Os 18 do Forte com a Coronel Flores.
– O movimento e o faturamento da loja foram um terço do normal. A gente precisa de segurança, mas não precisa que tirem as pessoas da Estação – reclama Bortolon.
Também entre alguns dos jovens que têm como hábito frequentar a Estação Férrea sem adentrar os bares ou as casas noturnas, a medida não agradou. Bruno Gomes, 24, Jezer Silveira, 20, e Bruno Cardoso, 20, são moradores do bairro Santa Fé e há cerca de cinco anos costumam passar as noites de final de semana no principal point caxiense. O trio concorda que há abuso por parte das autoridades.
– A gente vem aqui e fica de boa, como a maior parte do pessoal. Quem arruma briga é porque já tem brigas anteriores, que se resolvem aqui. Por isso, seria bom melhorar o patrulhamento para impedir isso. Mas quem não tem nada a ver com isso precisar colocar a mão na parede e ser revistado é um abuso – diz Bruno Gomes.
Opinião favorável à força-tarefa tem o empresário Pepo Garayalde, 40, proprietário do La Barra e um dos primeiros empreendedores da Estação Férrea. Para Pepo, o momento é de devolver a segurança ao espaço e apoiar a iniciativa da prefeitura.
– O grande problema é o que acontece na rua. O consumo de drogas, a prostituição... isso gera a sensação de insegurança que preocupa os moradores e provoca a queda do movimento nas casas noturnas. O foco precisa ser nas calçadas, não nos carros. Estamos debatendo essa questão há pelo menos quatro anos e a nova administração resolveu vestir a camiseta. Tem o meu total apoio, mesmo que haja ônus e bônus – destaca Garayalde.
Comandante da Guarda Municipal, Ricardo Fugante Martins ressalta que ao longo das próximas semanas haverá reuniões para aprimorar a força-tarefa, mas que o principal objetivo da ação é promover a segurança e permitir que as pessoas transitem de forma mais tranquila pelo local.