Sem chegar a um acordo com os funcionários que entraram em greve na manhã desta sexta-feira, devido ao atraso no pagamento da segunda parcela do 13º salário, o diretor do Hospital São Carlos, de Farroupilha, demonstra preocupação com o atendimento nos próximos dias. Francisco Isaias destaca que no feriado de Ano Novo é comum o registro de acidentes, principalmente de trânsito, que fazem aumentar o número de internações.
– Hoje nós estamos com 30 pacientes internados no Hospital, sete deles na UTI. Com 30% da equipe trabalhando (como é previsto em lei em caso de greve), estamos conseguindo administrar. Eu respeito o direito sagrado de todos os trabalhadores à reivindicação, também sou um trabalhador, mas nesse momento precisamos contar com a sensibilidade dos funcionários e dos sindicatos (SindiSaúde e dos Enfermeiros) quanto ao papel do hospital. Estamos às portas de um feriado, época em que normalmente ocorrem muitos acidentes, e não podemos deixar a população em risco. Somos nós que recebemos os acidentados da BR-470, da Cruva da Morte (ERS-122) – ressalta Isaias.
Sobre a razão que levou o grupo de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares, cozinheiros e higienizadores a entrar em greve, Isaias comenta que o atraso nos repasses mensais do Estado, que já chegam a cinco meses, provocaram o desequilíbrio nas contas e a impossibilidade de honrar com o 13º dentro do prazo.
– Os recursos que o hospital recebe mensalmente para o SUS são de R$ 500 mil da União, R$ 1 milhão da prefeitura, e R$ 100 mil do Estado. Acontece que os recursos do Estado estão atrasados há cinco meses, e estávamos contando com o pagamento anunciado para este mês, que acabou não se confirmando. A prefeitura acenou com a possibilidade de antecipar recursos, mas devido a trâmites burocráticos, só poderia fazê-lo no dia 15 de janeiro, data que propomos o pagamento aos funcionários. Mas a proposta foi recusada – afirma o diretor do São Carlos.
Por sua vez, o presidente do SindiSaúde, sindicato que representa os grevistas, Danilo Teixeira, diz que os trabalhadores não irão voltar ao trabalho enquanto o hospital não quitar o 13º salário.
– A gente sabe que existe o atraso nos repasses do Estado, o que não acontece apenas com o São Carlos. Mas outros hospitais com menos recursos e dificuldades maiores conseguiram honrar com o 13º. Os funcionários chegaram até o limite, mas agora não irão voltar a trabalhar enquanto não receber o que têm direito. E o sindicato estará 24 horas aqui na frente (do hospital), prestando apoio ao protesto – diz Teixeira.