Sem uma efetiva política de saúde animal, Caxias do Sul conta com o trabalho de organizações não governamentais para combater o abandono e a reprodução desenfreada de cães e gatos na cidade. Há pouco tempo, a prefeitura, que oferece castração e microchipagem, assumiu de vez a chácara que abriga bichos sem dono e que antes era administrada pela Soama. Mesmo sendo uma obrigação do poder público proteger o meio ambiente, segundo determina o artigo 23 da Constituição, o município dá conta de apenas uma parcela da demanda em Caxias. O trabalho de voluntários, então, torna-se essencial.
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A ONG Brechó Chicão, por exemplo, conta com mais de 50 pessoas para recolher doações, fazer a triagem do material e montar um brechó para vender o que foi arrecadado. O dinheiro da feirinha ajuda, principalmente, na compra de ração, realização de cirurgias e nas castrações de mascotes de famílias carentes.
– Ninguém recebe dinheiro para ajudar e todo mundo faz isso por amor aos animais. E é um trabalhão! Mas só de saber que o bichinho está sendo amparado em função da nossa ajuda, que diminuímos o sofrimento de muitos, já faz tudo valer a pena – diz Jovita Galeão, uma das integrantes.
O trabalho do Brechó Chicão, que reflete em outras entidades protetoras, preenche uma lacuna deixada pelo poder público, muito em função da falta de recursos. Desde 2010, a prefeitura faz a castração e microchipagem de 560 animais, via unidade básica de saúde. O convênio custa mais de R$ 1 milhão por ano aos cofres públicos, mas não é suficiente. Cientes de que mais bichos precisam ser esterilizados, o Brechó Chicão destina parte da verba arrecadada para outras cirurgias. Por mês, em média, a entidade banca 276 castrações.
– O que é oferecido pelo município não contempla toda a população. O nosso trabalho, hoje, é fundamental e dá mais condições aos animais – diz Anelise Branchi, uma das fundadoras do Brechó.