Ajudar a transformar a vida de pessoas envolvidas em desavenças com desfechos violentos e desafogar os processos judiciais é a missão de 85 voluntários que se formam no módulo avançado do programa Caxias da Paz, na próxima sexta-feira, durante a II Semana Restaurativa, na Universidade de Caxias do Sul (UCS). O evento ocorre de 16 a 18 de novembro.
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Os formandos, que no final do mês já têm atividades programadas em escolas da cidade, devem mediar casos de agressões físicas envolvendo adolescentes e adultos. O público-alvo inclui estudantes, menores infratores, homens e mulheres em conflito com a lei ou até mesmo casos que não chegaram a se transformar em ocorrências policiais ou processos na Justiça.
Em comum, todos os voluntários acreditam que a prevenção é o primeiro passo que deve ser trabalhado, porém, somente essa abordagem não é capaz de alterar a realidade do município, onde 132 pessoas já foram assassinadas neste ano. Lutar contra a violência, independentemente da situação, requer ações práticas e rápidas, trabalhando a causa e tratando a consequência.
– O pouco que a gente conseguir fazer já faz a diferença. Não podemos aceitar as tristes consequências que um ato violento pode gerar. A prevenção é importante, mas também é preciso lidar com aquelas pessoas que já praticaram algum tipo de violência – afirma a psicopedagoga Juliana Ballardin, 30 anos.
Voluntária da Paz desde abril, Juliana utiliza os mecanismos dos Círculos da Paz no trabalho com adolescentes em escolas onde atua e em projetos sociais nas comunidades de Caxias. Nas rodas de conversa, os participantes são estimulados a contarem suas histórias com a intenção de amenizar um problema, para que, através do diálogo, uma agressão possa ser evitada.
Agora, com o certificado do módulo avançado e unindo forças com mais 154 voluntários que já possuem o diploma, ela ajudará a resolver conflitos sem que os envolvidos tenham que esperar uma decisão via Justiça.
– Não se trabalha com a punição e sim com a conversa como ferramenta capaz de solucionar o conflito, pacificando aquela relação. A gente tem a chance de mostrar para as pessoas que elas podem ser protagonistas das suas histórias. O autoconhecimento cria um senso de responsabilidade, de comprometimento, capaz de evitar a violência – explica ela.
SAIBA MAIS
O foco da Justiça Restaurativa é a responsabilização dos ofensores, centrando nas necessidades das vítimas e das comunidades, objetivando a pacificação social. São utilizadas estratégias de diálogos que fortalecem as estruturas sociais, prevenindo e resolvendo conflitos, de forma conjunta, em âmbito judicial e extrajudicial, propagando a cultura da paz. Em Caxias, a atividade é reconhecida como referência Internacional, já que a cidade é pioneira em ações exitosas por meio do programa Caxias da Paz. No total, o programa já formou 634 facilitadores da paz no nível básico.