Outubro terminou como o mês mais violento nos últimos 16 anos em Caxias do Sul. Até as 21h desta segunda-feira, foram 25 mortes, sendo 18 homicídios, quatro mortos em confronto com a polícia e dois roubos com morte do assaltante. Até então, a marca mais alta no período de um mês pertencia a julho de 2010, com 20 assassinatos.
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Os números de outubro não surpreendem as autoridades policiais, pois a escalada da violência é constatada desde o segundo semestre do ano passado. Ainda assim, ações de inteligência da Polícia Civil e Brigada Militar buscam entender tantos assassinatos.
Apontada como matéria-prima da criminalidade, a droga está presente em pelo menos oito casos no período. São execuções de usuários em dívida ou assassinatos de pequenos vendedores que invadiram o território de outro traficante. A sensação dos investigadores é de que há muitos conflitos em diversos locais de venda de entorpecentes, o que pode ser uma consequência do enfraquecimento ou morte de antigas lideranças criminosas.
Não há indícios de uma guerra entre facções, o que já foi afirmado pelo delegado Rodrigo Kegler Duarte, da Delegacia de Homicídios, em diversos momentos. Outro ponto é a violência em execuções de criminosos com menor importância entre os traficantes.
– A crueldade é uma característica marcante dos envolvidos no tráfico de drogas. Demonstrar brutalidade é uma forma de obter respeito – aponta o delegado Mário Mombach, chefe da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec).
Em outra frente, a Brigada Militar reforça ações ostensivas em áreas de riscos. A Operação Comando Itinerante da semana passada, por exemplo, foi realizada no bairro Planalto, que registrou três homicídios em cinco dias.
– Continuamos fazendo o nosso trabalho. Por sua natureza, o homicídio é um crime muito difícil de prevenir. O que procuramos fazer é reforçar as abordagens na tentativa de apreender armas e capturar foragidos. Evitar a circulação de armas e delinquentes é a nossa forma de combater este avanço (dos índices) – afirma o major Jorge Emerson Ribas, comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM).
DUPLOS HOMICÍDIOS
Apesar de notícias de assassinatos serem cada vez mais banais, duplos homicídios não são comuns. Neste mês foram três casos nos bairros Fátima, Cinquentenário II e Planalto.
RESPOSTA POLICIAL
O caso que mais chamou a atenção foi justamente o que teve a maior resposta da polícia: cinco criminosos com forte armamento executaram Jonas Almeida de Mello, 26, e sua companheira Lilian Cassini, 21, na noite de 17 de outubro.
Foram mais de 40 tiros na Rua Antônio Benevenuto de Marchi, bairro Planalto. Pelas características, o ataque com uso de submetralhadora e espingardas pretendia ser uma mensagem de força de um grupo criminoso. Os assassinos fugiram em um HB20 que foi visto pela BM no bairro Cruzeiro. A perseguição em alta velocidade seguiu até a Vila Ipiranga, onde os criminosos abandonaram o carro e correram para uma escadaria na Rua João Pedrinho Pistorello. Houve confronto e quatro criminosos morreram. Anderson Lima de Miranda, 34, utilizava um colete balístico e sobreviveu.
Nenhum policial restou ferido. Miranda foi indiciado por duplo homicídio qualificado e três tentativas de homicídio contra os policiais, além de porte ilegal de arma e receptação.
REAÇÃO DAS VÍTIMAS
O latrocínio (roubo com morte) é um dos crimes que mais causa medo na comunidade. Porém, em outubro, quem perdeu a vida foram os assaltantes. Em 1º de outubro, Ramiro Zacarias da Costa, 24, foi morto após invadir um sobrado da Rua Bento Gonçalves, no bairro São Pelegrino. O alvo dele era um advogado de 65 anos que possuía porte de arma há 20 anos.
Já Lucas de Brito dos Santos, 24, tentou assaltar um motorista e a namorada no bairro Sagrada Família em 15 de outubro. O motorista reagiu e pegou a arma do agressor e atirou. Santos foi baleado e morreu no local. Seus dois comparsas fugiram. O motorista levou um tiro na perna.
MOTIVAÇÃO BANAL
Motivações banais também provocaram assassinatos. Numa disputa de flanelinhas, morreu a facadas Dagoberto Bettim Azambuja, 21, na esquina da Rua Marquês do Herval com a Pinheiro Machado. Jaison Duarte Pereira, 23, foi atropelado propositalmente no bairro Cinquentenário após uma briga numa boate. O autor foi preso.