Se sobra vontade de brincar ao ar livre, falta espaço adequado para que isso possa acontecer de forma saudável. Essa é a realidade de crianças e jovens do bairro Planalto Rio Branco, que dispõem de pouca, ou quase nenhuma, infraestrutura de lazer na comunidade. E não são só os mais jovens que são afetados: uma Academia da Melhor Idade também é reivindicação.
Quem chega ao espaço de lazer do Planalto Rio Branco pode demorar um pouco para entender a real utilização do local. Na área que uma vez serviu como uma quadra de areia, hoje, o mato cresce, há cacos de vidro e nem um tipo de pintura ou delimitação que caracterize uma quadra de esportes. Sobrou apenas a estrutura de uma goleira. Há poucos metros dali, até foram instalados alguns brinquedos como balanços e gangorras, próximos à escola de educação infantil do bairro.
– O mais importante para nós seria uma quadra de esportes para trazer as crianças, porque isso aqui está completamente abandonado – diz a presidente da Associação dos Moradores (Amob), Marli Villa, 54 anos.
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Além da estrutura deficiente, outro problema incomoda os moradores: quando chove muito, o campo de futebol vira uma grande piscina, que leva dias para secar completamente, pois não há escoamento adequado para a água, aponta a presidente da Amob. Com a chegada do verão a preocupação é com a proliferação dos mosquitos, principalmente, o Aedes aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus.
– No verão, a gente chama de "piscina do mosquito". É ruim, porque chega o final de semana as crianças querem jogar bola, a gente poderia trazer aqui, mas é até perigoso. Hoje, eles usam o que têm: a rua – lamenta a dona de casa Rochele Casagrande, 41 anos.
– Já passaram até com um abaixo-assinado para a gente ter uma academia aqui no bairro. Do jeito que está, não dá nem para as crianças irem ali brincar – reforça a aposentada Maria Helena Carminotti, moradora do bairro há 15 anos.
COMUNIDADE
:: População: não há estimativa.
:: Região: Sul.
:: Iluminação: regular, segundo avaliação da Amob.
:: Educação pública: crianças e jovens do bairro são atendidos pela Escola de Ensino Fundamental Fermino Ferronatto e pela Escola de Educação Infantil Planalto Rio Branco.
:: Transporte: segundo a presidente da Amob, há alguns meses o bairro ganhou uma linha própria, que ampliou os horários de ônibus.
Saúde: conta com uma unidade básica de saúde na Rua Cristiano Ramos de Oliveira.
Portão aberto para todos
Há pouco mais de um ano, a quadra coberta de esportes da Escola Municipal Fermino Ferronatto ameniza a falta de opções de entretenimento no bairro. Percebendo o anseio dos jovens do bairro, a diretora da escola, Claudia Maria Correa Machado, abriu o espaço para a comunidade, mesmo fora do horário de aula. Apesar de não ser o ideal, a educadora acredita que a escola está cumprindo a sua função social:
– Depois da colocação do gradil e da cobertura (finalizada em agosto de 2015, após envio de verba federal e apoio financeiro municipal), fizemos uma votação com os pais e ficou definido que o portão ficaria aberto para a comunidade também usar a quadra. A gente sabe que tem times de futebol, mães que trazem os filhos para andar de bicicleta – explica a diretora.
A ideia de abrir o espaço aos moradores é para que também se evitem casos de vandalismo, como a quebra do portão da escola, por exemplo. Para que a quadra não sirva como refúgio para ações indevidas durante a madrugada, a direção contratou uma empresa de segurança que mantém o portão trancado das 22h30min às 05h30min, e faz o monitoramento durante as rondas noturnas.
– A escola acabou proporcionado uma área de lazer para o bairro – finaliza Claudia.
Segurança também é prioridade
Os pedidos por mais segurança também estão entre as prioridades elencadas pelos moradores do Planalto Rio Branco. Relatos de assaltos e faltas de sossego por conta do som alto foram citados com frequência à reportagem do Pioneiro. Em março, Claudio Luis de Lima Machado, 38 anos, foi morto com dois tiros na cabeça na Rua Tereza Dal Canale Zugno.
Um comerciante, que pediu para ter a identidade preservada, já foi alvo de assaltantes três vezes nos últimos tempos. O último ocorreu há cerca de três meses. Por sorte, os ladrões se assustaram e não conseguiram efetuar o roubo:
– Eles se espalham (dentro do estabelecimento comercial) e tentam pegar alguém de refém, anunciam o roubo e levam tudo dos caixas – descreve o comerciante.
Para o proprietário de uma padaria do bairro, Alessandro Dorigon, 24, a alternativa foi contratar uma empresa de segurança privada:
– Mesmo assim, já fomos assaltados – comenta.