Suspeito de abusar de pacientes durante consultas em Caxias do Sul, um médico foi indiciado por importunação ofensiva ao pudor, uma contravenção cuja pena geralmente é substituída por multa ou prestação de serviço comunitário.
O profissional foi denunciado por uma mulher de 36 anos após uma consulta na segunda quinzena de agosto. A vítima estava grávida de seis meses e fazia o pré-natal em uma unidade básica de saúde. A queixa foi registrada na Polícia Civil em 29 de agosto como crime de violação sexual mediante fraude, que é "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima".
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Na época, outras quatro mulheres reclamaram do comportamento do profissional na ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul, o que causou o afastamento temporário do médico. Num dos casos, uma paciente disse que poderia ganhar atestados médicos para faltar ao trabalho desde que fizesse sexo oral no médico.
De acordo com a Carla Zanetti, titular da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM), as denúncias foram apuradas com brevidade, com diversas depoimentos colhidos, incluindo de outras possíveis vítimas. Algumas até reclamaram do profissional, mas optaram por não prestar queixa. Uma determinação judicial garantiu a Polícia Civil o acesso às informações repassadas pelas mulheres à ouvidoria da prefeitura.
O inquérito policial foi remetido dentro do prazo de 30 dias, porém, Carla ainda aguarda o resultado de laudo médico para concluir as investigações. Na época das denúncias, um processo administrativo foi instaurado pela Secretaria de Saúde.
O Ministério da Saúde foi informado, pois o profissional integra o quadro do programa Mais Médicos. Como a sindicância ainda não foi concluída, após os 30 dias de afastamento, o suspeito foi transferido para outro serviço de saúde até que a sindicância seja finalizada.
O nome do médico não foi divulgado.