<< LEIA TAMBÉM Caxias do Sul registra um roubo a pedestre a cada cinco horas
Neste momento de crise na segurança pública, um roubo a pedestre pode parecer um crime menor e ser banalizado. Porém, as autoridades policiais sempre alertam para o potencial de um assalto virar uma tragédia. E, a cada dia, os bandidos parecem mais propensos a agredir as vítimas. Foi o que aconteceu com Fernando Giovani Maculan, 17 anos, na tarde do dia 10 de maio, no bairro Lourdes, em Caxias do Sul. A investigação da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescentes (DPCA) ainda não foi concluída, mas aponta para um caso de latrocínio (roubo com morte).
Leia mais
Caxias do Sul registra um roubo a pedestre a cada cinco horas
"Foi um susto grande e o tiro", conta mulher de baleado em Caxias do Sul
Em seis meses, escolas estaduais de Caxias registraram 144 assaltos na entrada de alunos
O jovem aguardava na parada de ônibus da Rua Pinheiro Machado, próximo à Treze de Maio, por volta das 17h30min. Provavelmente, Fernando estava com o celular na mão e usando fones de ouvido. A hipótese é que o jovem não tenha escutado o assalto e, por isso, foi esfaqueado no tórax. Ferido, ele tentou embarcar e pedir socorro no ônibus que havia parado para outra passageira. Ele foi encaminhado para o hospital, mas não resistiu. Seu celular não foi encontrado.
– Só pode ser assalto. Meu filho não tinha conflitos. A investigadora concorda e falou para eu parar de procurar razões. Podia ter acontecido com qualquer um. Tiraram a vida do Fernando por nada. Ele tinha um filho pequeno (dois anos e quatro meses) e sonhava em ser um empresário, organizar eventos e dar uma vida boa para o filho. Nunca vou esquecer do velório dele, quantos jovens lamentando e se abraçando – lamenta a mãe do rapaz, Adriana Fernandes Maculan, 44.
Fernando abandonou a escola em 2015, quando frequentava o 1º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Abramo Pezzi. Porém, havia voltado a estudar este ano, fazendo cursos profissionalizantes. Tinha aulas de inglês, auxiliar administrativo e computação toda semana. O adolescente também ajudava o pai, Luis Fernando Maculan, 43, no trabalho em uma padaria.
– Esperamos uma resposta, por Justiça e que as autoridades competentes tenham um pouco mais de ação. Não pelo meu filho, mas pelos muitos outros que irão acontecer. Mortes em razão de um celular que vai ser trocado por pedra (de crack). Meu filho foi morto à luz do dia no centro da cidade. Às cinco da tarde. Ele não estava fazendo nada de ruim. Apenas esperava um ônibus – lamenta o pai.
Corroboram com tese de roubo a pedestre outros dois registros policiais próximos do horário e do local onde Fernando foi encontrado ferido. Por volta das 17h, um adolescente teve um celular roubado. Às 17h40min, a vítima foi uma mulher, que também teve o aparelho levado. Os dois casos ocorreram na Rua Pinheiro Machado e as vítimas relataram que foram abordadas por dois homens armados com faca.
O delegado Joigler Paduano, titular da DPCA, aguarda o depoimento de um suspeito que foi preso recentemente. A expectativa é que o inquérito policial seja concluído nas próximas semanas.
>> SIGA NA MATÉRIA "Foi um susto grande e o tiro", conta mulher de baleado em Caxias do Sul