O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, abriu nesta quinta-feira o debate sobre a retirada da nacionalidade dos extremistas com dupla cidadania, ao introduzir esta medida em uma série de propostas elaboradas após os atentados registrados na Alemanha em julho.
– Os alemães que participarem de combates no exterior com uma milícia terrorista e que possuam outra nacionalidade deveriam perder sua nacionalidade alemã – propôs o ministro em uma coletiva de imprensa.
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Um total de 820 extremistas deixaram a Alemanha rumo à Síria e ao Iraque, segundo um balanço do mês de maio dos serviços secretos alemães. Quase um terço deles já voltou à Alemanha e cerca de 140 foram abatidos. Um total de 420 ainda estariam em território sírio ou iraquiano.
Ainda assim, o ministro conservador terá que negociar duramente com os sociais-democratas (SPD), sócios no governo de Angela Merkel, se quiser impor esta medida.
– Isso será um ponto difícil (de tratar) com o SPD, mas penso que acabará sendo aceitável para este partido –, disse, fixando como objetivo que a medida seja adotada, junto a outras, antes das eleições legislativas do outono de 2017.
Um responsável do partido Os Verdes, Volker Beck, disse que a medida foi cogitada de maneira "precipitada".
De Maizière ressaltou que já era possível privar de sua nacionalidade alemã os binacionais que combatem em forças regulares de um país estrangeiro.
– Não entendo por que dizemos 'fazer isso está fora de questão' quando um (binacional) combate para uma milícia terrorista similar às forças armadas e que é considerada um exército – destacou.
A França também propôs a retirada da nacionalidade em casos similares após os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, mas a iniciativa fracassou.
Entre outras medidas propostas nesta quinta-feira, depois dos dois ataques do fim de julho, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) e que foram cometidos por migrantes, De Mazière quer que a "colocação da segurança pública em risco" seja motivo de prisão, para assim poder deter rapidamente pessoas suspeitas de lançar ataques e acelerar os procedimentos de expulsão.
O ministro espera subordinar a apenas uma direção as forças especiais alemãs, para que apenas uma "mão possa colocar a disposição" as forças necessárias em caso de ataque.
Além disso, o ministro propôs aumentar os efetivos da polícia "nos próximos anos em várias milhares de pessoas", investir em tecnologia e de reconhecimento facial e fundar um escritório central encarregado de lutar "contra a criminalidade e o terrorismo on-line".
alf/ilp/at/jvb/age/ma