Uma comunidade carente que habita as margens do arroio Tega, em Caxias do Sul, comemora e atenção finalmente dispensada pela prefeitura para os problemas de saneamento que há anos eles enfrentam. Desde esta terça-feira, o Samae trabalha na obra de extensão de rede de esgoto no Vale da Esperança, loteamento onde vivem cerca de 1,2 mil pessoas no bairro Reolon. Com investimento de cerca de R$ 350 mil, a expectativa é que os trabalhos durem quatro meses.
Moradores do Vale da Esperança há oito anos, Volmir Tartari, 46, e Marisa Fragosa, 48, têm a cerca de sua casa bem próxima ao arroio, não mais do que cinco metros. O cano de esgoto despeja os dejetos direto no arroio, porque, segundo Volmir, o encanamento prometido pelo governo municipal nunca foi feito. Como a maioria dos habitantes, ele e a esposa reclamam principalmente do cheiro forte de esgoto que vem do arroio.
_ Tem dias que a única solução é manter a casa toda fechada. Quando vai chover, o cheiro fica insuportável. Ficaram de encanar a tubulação desde que vim morar aqui e nunca fizeram nada. Não adianta limpar o Tega se a tubulação vai dar no arroio _ comenta Volmir, que, por coincidência, é encanador.
A obra consiste na implantação de cerca de 1,2 mil metros de rede de esgoto, que permitirá que os dejetos sejam encaminhamento para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Tega. De acordo com a coordenadora da Divisão de Esgotos do Samae, Liseane Rech, trata-se de uma demanda prevista desde o início da operação da ETE, em agosto de 2012. De acordo com Liseane, os moradores que tiverem fossas em casa serão responsáveis por desativá-las, mas terão apoio da prefeitura para isso.
_ Na medida que a gente consegue desativar fossas e implantar a rede de esgoto, melhora sensivelmente a qualidade do saneamento na cidade. Com o controle total do processo, conseguimos evitar a contaminação do solo e dos recursos hídricos _ afirma a diretora.
Ainda segundo Liseane, o Samae tem a relação custo-benefício como critério para escolher onde implantar melhorias no tratamento de esgoto:
_ Obras como essa dependem de condições técnicas e econômicas, não são decisões simples. O passivo ambiental de Caxias não se resolve em um ou dois anos. Estamos sempre em contato com Amobs e a União das Associações de Bairros, e, de acordo com a densidade demográfica e a viabilidade, buscamos resolver os problemas.
Para os moradores do frágil Vale da Esperança, que por conviverem com frequentes alagamentos e insegurança nas ruas queriam mesmo é a remoção para uma área mais segura, uma ação efetiva da prefeitura não deixa de ser um alento para um futuro mais digno.