Mais de seis meses após os desmoronamentos que provocaram a interdição nos quilômetros 29 e 27 da rodovia ERS-115, entre Gramado e Três Coroas, as obras de recuperação estão em fase final e a liberação deve ocorrer até a metade da próxima semana, segundo a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pelo trecho. Orçada em pouco R$ 11,3 milhões, a recuperação estava prevista para o fim de abril pelo cronograma oficial, mas o excesso de chuvas provocou o atraso em duas semanas.
A ERS-115 é o principal caminho que liga a região metropolitana de Porto Alegre a Gramado e Canela, na Serra, além de ser uma rota comum para o turismo de compras em Igrejinha e Três Coroas. Por isso, a pressão do empresariado tanto da Serra quanto do Vale do Paranhana foi constante para que a EGR apressasse o trabalho, que inclui construção de estrutura de contenção e reaterro, terraplanagem e finalmente pavimentação e sinalização.
_ Estamos para fazer o asfaltamento durante o fim de semana e depois só vai precisar ser feita a pintura e colocar os guard rails, o que deve dar mais um dia e meio ou dois de trabalho. A previsão é que terça ou quarta a gente libere para o tráfego. Mas isso se o tempo ajudar, e não temos bola de cristal para afirmar _ afirma o diretor técnico da EGR, Milton Cypel.
Ainda segundo Cypel, a metodologia utilizada para a construção da rodovia na década de 70, aliada às características geológicas da região, fazem da ERS-115 uma estrada que exige constante monitoramento. E não descarta a possibilidade de que novos acidentes geológicos possam ocorrer no trecho entre Gramado e Três Coroas.
_ Toda região de Serra é complicada, a gente vê deslizamentos ocorrerem em todo o país. (A ERS-115) É uma estrada que exige atenção constante, mas também não podemos monitorar demais e não atacar os problemas. A reclamação de rachadura no quilômetro 27, por exemplo, é de mais de 20 anos. Ao mesmo tempo, o Estado não tem recursos para uma proteção completa, que custaria até R$ 500 milhões. É possível que haja rachaduras, pequenos acidentes, mas não acredito em algo da magnitude do que ocorreu ano passado, que devido ao volume de chuvas foi o maior acidente da história daquela rodovia _ acrescenta o diretor.
Empresários estimam perdas entre 10 e 15%
Convivendo com a interdição da ERS-115 desde outubro (primeiro parcialmente e totalmente desde 4 de janeiro), empresários de Gramado e Canela estimam que a queda no movimento ocasionado pelo bloqueio do principal acesso às cidades vizinhas gira entre 10 e 15%. Segundo o presidente do Sindicato da Hotelaria, Bares, Restaurantes e Similares da Região das Hortênsias (SindTur) , Fernando Boscardin, a dificuldade logística é um fator a mais para afastar os turistas em meio à crise econômica que atravessa o país.
– Sofremos bastante em um primeiro momento, porque estávamos bem no começo do Natal Luz, mas ter conseguido a liberação parcial (em meia pista, até o início de janeiro) durante o período do evento nos ajudou. Agora a interdição começa a nos atrapalhar de novo, porque maio ainda é um mês fraco e, se a crise já reduz o nosso movimento, a estrada bloqueada tira o pouco que temos. É difícil mensurar, mas estimamos um prejuízo entre 10 e 15% para as empresas do nosso setor – alega.
Por onde ir
Durante o período de interdição da ERS-115, o caminho alternativo indicado pela Polícia Rodoviária de Gramado para quem vai da Região Metropolitanas é seguir pela BR-116 até Nova Petrópolis. Dali, pegar a ERS-235 e seguir para Gramado. Cerca de 5 mil veículos circulam diariamente na ERS-115
Quem faz
A recuperação da ERS-115 está a cargo de duas empresas licitadas: a Construtora Giovanella e a Dobil Engenharia, com consultoria da Azambuja e Cia.