Na tarde deste sábado, alunos de diversas escolas se reuniram no Centro de Convivência da UCS para conversar sobre as ocupações, compartilhar experiências vividas nas instituições já ocupadas e esclarecer dúvidas dos que pretendem aderir ao movimento. Estiveram presentes cerca de 70 pessoas entre alunos do ensino médio de escolas estaduais, pais e professores, além de representantes do Cpers, Levante Popular da Juventude, Movimento Estudantil, Bloco de Luta, DCE, Juventude do Sindicato dos Metalúrgicos e Conjuve.
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A partir das ações em cada escola e atentos às ocupações no Rio de Janeiro e São Paulo, os jovens vão construindo as suas reivindicações e entendendo o caminho que é preciso seguir para conquistá-las. O estudante do Cristóvão e membro do comando de ocupação, Leonardo Cechin, 17 anos, destacou que o diferencial das ocupações no Rio Grande do Sul é que há diálogo com as direções das escolas.
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– Isso parece bom, mas não é. No Cristóvão, por exemplo, não temos acesso a todo o espaço e a porta do refeitório foi soldada para não entrarmos. Além disso eles mantêm o alarme ligado e sempre dispara durante a noite, entendemos que estas são atitudes para tentar fazer com que a gente desista– ponderou o jovem.
A resposta veio da presidente do grêmio estudantil da Escola Estadual Professor Apolinário Alves, Júlia Carolina da Silva, 18: Se eles não têm dinheiro para a educação e para as melhorias, mas podem contratar uma equipe e soldar uma porta, nós temos tutorial no youtube que ensina como abrir.
A vice-presidente do Cpers, Solange Carvalho, abriu a reunião dizendo que os alunos estão dando uma aula, já que Caxias é uma das cidades onde a adesão de professores à greve ainda é baixa. O que, segundo ela, seria fruto de uma questão cultural.
– Aqui o capitalismo é muito feroz, as pessoas trabalham manhã, tarde e noite, não se consegue refletir sobre os próprios problemas e isso resulta em uma categoria dividida e vulnerável– justificou.
Todos os representantes de movimentos aproveitaram a oportunidade para parabenizar a iniciativa dos estudantes e se colocaram à disposição para ajudar.
Até o momento, quatro escolas estaduais estão ocupadas por estudantes, sem prazo para encerramento: Apolinário Alves dos Santos, Emilio Meyer, Cristóvão de Mendoza e Cavalheiro Aristides Germani.
Estudantes definiram próximos passos
A internet e as mídias sociais estão sendo importantes para a divulgar as atividades onde há ocupação. O lado negativo é que essa exposição pode não ser bem interpretada. Segundo a professora Anay Camargo, 36, durante a ocupação da Escola Emílio Meyer, os alunos postavam fotos no Facebook e comemoravam a cada espaço tomado dentro da escola, o que teria assustado alguns pais.
Por isso, os estudantes planejam escrever uma carta aberta para a comunidade explicando suas motivações e objetivos, e também gravar um vídeo com a participação de lideranças de todas as instituições.
– No caso do Emílio, o que para nós era visto como uma conquista, para alguns pais era como um cenário de guerra. Então acho importante essa manifestação pública informando o que está sendo feito para que as pessoas entendam e possam decidir se apoiam a causa_ opinou a mulher, que também é mãe de uma das ocupantes do Emílio Meyer.
Além disso, na segunda-feira os jovens devem se reunir com a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) junto ao comando de greve do Cpers. Na quarta-feira, às 10h, eles farão um manifesto na Praça Dante Alighieri e a partir do meio-dia se dirigem até a sede da 4ª CRE.
Outra decisão importante é não desocupar negociando individualmente, embora cada escola possua necessidades específicas. – Vamos ocupar mais escolas enquanto continuar esse boicote do governo com as causas da educação. Precisamos unificar as pautas para obter resultado todos juntos – declarou Vauber Ribeiro, 16, membro do comando de ocupação do Cristóvão.