O instrumentista Ernesto Fagundes tem a agenda de setembro na ponta da língua. Fará neste mês mais de 20 shows e apresentações pela Serra e Região Metropolitana, sendo a maioria em Porto Alegre, onde participa da abertura da Semana Farroupilha no próximo sábado (7), no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.
— É fácil quando somos da produção também. A festa é para o público, para gente é trabalho — brinca.
Antes da correria, já esperada para o mês, o músico veio a Caxias do Sul e trouxe o instrumento que o acompanha desde guri.
De origem argentina e adotado pela música nativista gaúcha, o bombo leguero, capaz de ser ouvido a uma distância de cinco quilômetros, foi apresentado para as crianças da Escola de Educação Infantil Pintando o Sete.
— Este tambor que eu toco marca léguas de distância e, assim, aproxima o sul do Brasil ao norte da Argentina. Levar a cultura para as escolas realiza o sonho da família Fagundes — diz.
Às vésperas de mais uma Semana Farroupilha, Ernesto Fagundes considera esta especial. Será para ele, de ainda mais orgulho e de celebração à fraternidade e à união do povo gaúcho após a catástrofe climática vivida em maio:
— Sinto que depois desta enchente o Brasil inteiro está olhando de forma diferente para a música do Rio Grande do Sul. Assim como o nordestino sempre teve na sua música a dor da seca e o Brasil inteiro se identificou com isso, quando o Rio Grande chega com a dor da enchente o país inteiro o acolhe. E assim cada vez mais é um canto gauchesco e brasileiro, como diz o Canto Alegretense.
Exemplo para a nova geração
Às 14h de uma quarta-feira não foi todo o pai que pôde ir conferir as apresentações das pequenas prendas e peões. Para quem tem a sorte de ter o avô por perto, como Guilherme Argenta, quatro anos, a apresentação foi ainda mais especial. Aos olhos de quem mantém a tradição gaúcha e também é fã de Ernesto Fagundes.
— Meus filhos todos dançaram em CTG, o pai dele dançava chula. Quem frequenta um, aliás, sempre vai estar em um ambiente familiar, é um lugar muito bom para se criar — afirmou Antônio Argenta, 73.