Um cervo da espécie Axis Axis feriu um homem na quinta-feira (28) no centro de Bento Gonçalves. A câmera de segurança de uma loja de tintas flagrou o momento, às 11h48min, que o animal aparece na calçada, depois de tentar ser pego nos fundos da loja, e atinge o pedestre que caminhava no passeio público da Avenida Osvaldo Aranha. Depois de derrubar o homem, o animal corre para a rua, uma das mais movimentadas da cidade e quase atinge outras duas pessoas. Depois, foi visto entrando em uma área de mata.
O cervo, identificado pelas imagens por um especialista, é uma fêmea jovem com cerca de 25 quilos. O homem, não identificado, teve ferimentos no rosto e na mãos, de acordo com funcionários da loja e foi encaminhado para atendimento médico pelo Samu. O estado de saúde dele não foi divulgado.
A presença do animal silvestre em área urbana é, para o médico veterinário responsável pelo Jardim Zoológico da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Gabriel Fiamenghi, inusitada:
— Até onde eu sei, não temos muitos dados dessa espécie na região da Serra. Já foram vistos em meio urbano, mas em Santa Maria, por exemplo. Pode ter se perdido do grupo e estar à procura de alimento. Quando acuado, é normal que pule muito alto, essa é uma característica de todos os cervídeos que têm impulsão muito forte por conta das articulações e musculatura.
Quando machos e adultos, cervos Axis Axis podem pesar até cem quilos. Sua presença no bioma do Rio Grande do Sul é preocupante, segundo o professor da disciplina de Animais Silvestres e Exóticos da UCS, por não ser originária do Brasil e rivalizar em território com outros cervídeos nativos, como o veado campeiro:
— Ele é popularmente conhecido como cervo chital, uma espécie exótica e invasora originária da região do Nepal, Índia e Siri Lanka e introduzida nas Américas. Tem história parecida com a do Javali, que foi introduzido em fazendas de caça na Argentina para que caçadores tivessem seus troféus, porque quando machos e adultos criam uma galhada vistosa e bonita — conta.
Herbívoro, o cervo que se perdeu no centro de Bento Gonçalves vive em grupo, diferente dos cervídeos nativos do Brasil que costumam se encontrar apenas em períodos de acasalamento.