
Há seis meses a rotina de alunos, professores e toda a comunidade envolvida com a Escola Estadual Apolinário Alves do Santos, no bairro Sagrada Família, em Caxias do Sul, foi alterada. A instituição de ensino está interditada por problemas na rede elétrica desde o dia 8 de dezembro. Na época, havia a previsão de que a situação fosse resolvida antes do início do ano letivo de 2024. A obra é orçada em R$ 111,2 mil. Sem as dependências, o atendimento escolar e os serviços administrativos foram realocados na Escola Estadual Evaristo de Antoni, no bairro São José.
Na entrada do pátio da Apolinário há um pequeno cavalete que conta com o laudo de interdição datado de 8 de dezembro de 2023, emitido pelo engenheiro eletricista Lucas Pedro Troian, da 4ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (Crop). O documento já está quase todo encoberto pelo mato que cresce ao redor.
A obra passou, em fevereiro, por um processo de dispensa de licitação para contratação de uma empresa responsável pelo serviço. No entanto, nenhuma das seis companhias concorrentes na época cumpriram com os requisitos necessários e o processo precisou ser refeito em 12 de março. No dia 18 de março foi dado o aceite para uma proposta de R$ 83.490.
Via assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informou que a reforma da rede elétrica está em fase de contratação, com o processo estando em análise jurídica. A Seduc destacou ainda que o alagamento do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Rio Grande do Sul (Procergs), provocado pela chuva que atingiu o Rio Grande do Sul no início de maio, também atrasou o processo. Após o início dos trabalhos, a obra deve ter uma duração de 30 dias.

A situação da Apolinário é preocupante. As dependências contam com mato alto e também falta de segurança. Conforme a diretora Marili Rigon Zandoná, no final do mês de abril a escola foi invadida, e houve a tentativa de roubar botijões de gás. Sem resolução há seis meses, ela teme que a situação se estenda por mais tempo, assim como foi com o muro da escola, que em março de 2023 teve parte da estrutura que fica às margens da Avenida Rubem Bento Alves (Perimetral Norte) destruída após a colisão de um carro.
— Sim (tenho a preocupação), porque o muro de R$ 11 mil demorou um ano e 19 dias para ser feito, e eu tenho muito medo de que (com) a rede elétrica aconteça isso — afirma a diretora da Apolinário.
Incertezas e desafios em outra sede
Conforme a diretora Marili, no ano passado a Apolinário contava com aproximadamente 800 alunos, número que, entre formaturas e a impossibilidade de que outros estudantes possam se matricular na instituição, caiu para 490 em 2024. Ela estima que cerca de sete professores também deixaram a instituição nesse período. Na sede da Evaristo, a Apolinário conta com 10 salas de aula, sendo que duas turmas do primeiro ano do Ensino Médio precisam dividir o mesmo espaço no turno da manhã, e outras duas do nono ano do Ensino Fundamental fazem o mesmo, à tarde.
— Em relação ao ano passado foram fechadas sete turmas. Os alunos dos terceiros anos (do Ensino Médio) se formaram e saíram. Outros saíram naturalmente (porque) começaram a trabalhar e precisam do noturno, e a Apolinário não tem. Aí reduziu muito — explica a diretora.
No momento, a maior preocupação de Marili é com a defasagem no aprendizado. Aproximadamente 40 estudantes do Ensino Médio e 26 do Fundamental estão na modalidade de estudos compensatórios, uma forma de evitar o prejuízo total, uma vez que não têm condições de se deslocarem. Assim, uma vez por semana, os pais vão até a Evaristo para buscar os materiais de aprendizagem.
— A parte pedagógica está sendo muito prejudicada, vemos isso nitidamente — lamenta Marili.
Os desafios não são somente dos estudantes. Se antes a diretora, as vice-diretoras de turnos e secretária contavam com salas próprias, hoje dividem o mesmo espaço. E a rotina também mudou na própria Evaristo. Conforme a diretora, Ingrid Pereira Piccini, os problemas são menores do que na Apolinário, mas, mesmo assim, muitas atividades precisam ser repensadas.
— Não tem como não mudar (a rotina), porque em uma escola tu decides o recreio, algumas atividades que vamos fazer com os alunos, tu decides como uma gestão, (agora) aqui dentro são duas gestões. Deve ser mais estressante para a Apolinário, que tem todo um espaço reduzido, mas os nossos alunos também perderam vários espaços — descreve Ingrid.
Com as 10 salas cedidas à Apolinário, alguns laboratórios, como o de informática da Evaristo, foram transformados em salas de aula para seus próprios estudantes. Ao todo, a instituição tem 24 salas e conta com 640 alunos, sendo que 477 estão divididos nos turnos da manhã e da tarde, e que convivem com os estudantes da Apolinário.