Lançado em setembro de 2000, o Táxi-Lotação, apelidado de "azulzinho" em Caxias do Sul, teve os itinerários reduzidos desde a sua implantação, mas segue sendo um modelo atrativo de transporte coletivo tanto para viagens longas, que ligam os bairros Desvio Rizzo e Ana Rech, quanto para roteiros mais curtos, como do bairro São Pelegrino ao centro da cidade, pela Avenida Júlio de Castilhos.
A tarifa passou de R$ 4,50 para R$ 6 na última quinta-feira (16) e novas modalidades de pagamento foram adotadas pelo sistema, que agora incluiu opções de cartão de crédito, débito e PIX. Na manhã do primeiro dia, foram realizadas mais de 30 operações digitais de pagamento, segundo a Associação Caxiense de Táxi-Lotação (ACTL), permissionária do serviço. O reajuste, segundo a ACTL, corrige uma defasagem no preço, que não era alterado desde dezembro de 2020.
— Nós atravessamos a pandemia com as nossas forças, e isso inviabilizou as substituições de veículos, por exemplo. Agora, as coisas começam a entrar nos eixos de novo. Até o final do mês vamos protocolar na secretaria de Transportes a solicitação de liberação de carros novos ou seminovos. Queremos e temos condições de trocar a frota — afirmou o presidente da ACTL, Éverton Silveira.
Atualmente, o modelo trafega com nove veículos e 18 motoristas em duas linhas (Rio Branco e Ana Rech), com intervalos de 25 minutos entre um micro-ônibus e outro. A frota, de 2008 e de propriedade de nove associados, têm capacidade para 19 passageiros sentados, que costumam preencher os assentos ao longo das viagens.
Em um dos pontos de partida, no Shopping Vilaggio Caxias, o "azulzinho" ainda é uma das principais formas para a ida ao centro, utilizada por estudantes e professores:
— Faço pré-vestibular no centro, estudo no bairro Sanvitto e moro no Rio Branco. É a melhor opção e mais em conta do que um transporte por aplicativo, por exemplo. O horário dele é o mais viável para mim. De ônibus tem mais chance de chegar atrasado — explicou o estudante Vitor Pereira, 17 anos.
Mesmo com o reajuste, o valor ainda é mais em conta do que a tarifa comum do transporte público concessionado pela Visate, de R$ 6,10. Mas são os itinerários praticados pelo "azulzinho" que agradam a maioria dos passageiros que optam por ele. Como para a professora de música, Silvana Fantinel, 48:
— O "azulzinho" anda muito em diversos bairros e para quase em frente à minha casa. Daqui do Vilaggio, por exemplo, ele vai até Ana Rech. Então, mesmo com o aumento, com R$ 6 dá para atravessar a cidade. Acho que as pessoas pegavam muito pelo valor, e é bem utilizado. Vamos ver se agora as pessoas vão continuar optando — disse.
As condições dos veículos, no entanto, ainda são motivos de apontamentos por parte dos passageiros, que citam as condições dos bancos e da limpeza como principais pontos a serem melhorados. A aposentada Ana Miranda, 70, se incomoda por exemplo, com o volume do som durante as viagens:
— A única coisa que acho chato é a música, todos tocam com um volume muito alto, mas é muito bom para sair da minha casa, no bairro Cruzeiro, e ir até a UCS. De ônibus precisaria esperar a cada 40 minutos e descer no EPI Imigrante para pegar outro. Vou gastar mais, mas facilita estar para lá e para cá. Eu vivo no "azulzinho" — brincou.
De opções longas às mais curtas, é o itinerário exclusivo e os horários que se encaixam na rotina dos passageiros que mantém o serviço ainda sendo utilizado pelos caxiense. O modelo é opção semanal da esteticista Cecília Andriolo, 77, que tem nele uma boa opção para a ligação entre os bairros São Pelegrino, onde mora, e Centro, onde trabalha. Aos finais de semana, o itinerário muda e o "azulzinho" a leva até Ana Rech:
— De R$ 4,50 para R$ 6 foi um susto, os veículos são velhos, têm os corredores estreitos, bancos quebrados e, no final da tarde, estão sempre lotados. Mas a praticidade dos roteiros fazem valer a pena. Para andar poucas quadras é caro, mas quando vou até Ana Rech é até barato — concluiu.