As rodovias da Serra entre São Vendelino, Caxias do Sul e Ipê não parecem mais abandonadas. A reportagem percorreu os trechos da RS-453, da BR-470, da RS-446 e da RS-122 na região para conferir como estão as estradas. Há pouco mais de seis meses, elas estão sob administração da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), que tem um contrato de 30 anos com o governo do Estado.
Há um cronograma estipulado de melhorias e de obras para as rodovias. Dentro dos seis primeiros meses, a concessionária precisa já apresentar roçada e limpeza, iniciar a recuperação de placas e defensas metálicas, além de desobstrução de redes de drenagem nas estradas. Também precisa ter serviços de atendimento ao usuário e bases operacionais, atendimento médico e mecânico, sistema de informações e reclamações, veículos de inspeção de tráfego e painéis móveis de mensagens.
O que é visto nas rodovias da Serra
A reportagem percorreu as rodovias na terça-feira (15) e na quarta-feira (16). O trajeto se iniciou na RS-122 na saída de Caxias, próximo à entrada do bairro Desvio Rizzo. O que é visto no trecho repete-se por praticamente toda rodovia até o município de São Vendelino. Há placas novas e limpas, o canteiro central e os acostamentos receberam roçada e não há buracos na pista. No ano passado, inclusive, a falta de manutenção na saída do território caxiense chegou a gerar reclamações, especialmente pelo mato alto no centro da pista.
Na descida de Farroupilha até São Vendelino, as proteções metálicas também receberam manutenção. O único ponto que chama atenção é na saída de Farroupilha, no km 57, em que há buracos no acostamento junto ao acesso do bairro Monte Verde.
Durante o trajeto, trabalhadores da CSG também são vistos com frequência. Na semana, no km 40, próximo ao acesso a São Vendelino, um funcionário limpava o sistema de drenagem com uma escavadeira.
Ao chegar neste ponto, a reportagem retornou em direção a Caxias do Sul pela RS-446, a BR-470 e a RS-453, que passam por Carlos Barbosa e Farroupilha e também são administradas pela CSG. Esses trechos eram o que mais contavam com trabalhadores. Eles atuavam na limpeza dos acostamentos, troca de placas e correção na pista.
A partir da entrada da RS-446, em São Vendelino, havia desníveis na pista. O trecho mais desgastado é no km 9, onde trabalhadores tapavam pequenos buracos. As condições rodovia continuam da mesma forma pela BR-470, de Carlos Barbosa até o acesso à RS-453, em Farroupilha. A partir deste ponto, a pista começa a melhorar, especialmente entre os km 112 e 116 da RS-453, onde está o posto de atendimento ao usuário da CSG.
Melhorias até Ipê
Na quarta-feira (16), a reportagem esteve na RS-122, no sentido Flores da Cunha-Ipê, passando por Antônio Prado. O trecho também apresenta melhorias, especialmente com acostamentos e estradas limpas, além de placas de sinalização novas. No dia, inclusive, a passarela no km 88, em São Gotardo, recebia uma nova pintura.
Assim como nas outras estradas, trabalhadores atuavam na capina e manutenção das placas, bem como na limpeza dos sistemas de drenagem. De Flores da Cunha a Ipê, o que ainda estava desgastado eram as muretas e proteções metálicas, como guard rails, nos acostamentos. No km 102, após a praça de pedágio, falta um pedaço da proteção. A grade também está danificada no km 110.
Apesar disso, as boas condições da rodovia são ainda mais visíveis na RS-122 em Ipê, onde a pista está sem danos. No km 152, após a última entrada do município, há um novo posto de atendimento da CSG.
Conforme o cronograma estipulado, a concessionária tem até os nove meses de administração para recuperar todas as proteções metálicas e os desníveis de pista. O que mudará também será o endereço da praça de pedágio em Flores da Cunha, que será levada do km 100 para o 103. Conforme anúncio do Estado, ela será substituída por um pórtico de cobrança automática, com o sistema free flow - bem como os outros pontos previstos.
Avaliação positiva da Amesne
A Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) vê como positivo o início dos trabalhos da CSG. O presidente da entidade, Douglas Pasuch, que é prefeito de Nova Roma do Sul, afirma que os municípios esperam para ver mais investimentos, ainda mais que a cobrança de tarifas aumenta no próximo ano.
— Vimos que eles fizeram as obras, instalações da empresa junto às rodovias e têm feito a manutenção inicial, a manutenção básica de rodagem. Esperamos os investimentos porque mais quatro ou cinco meses começam as cobranças de pedágio. Nesse primeiro, momento temos visto de forma positiva — avalia o presidente da Amesne.
O que diz a CSG
A assessoria de imprensa da concessionária afirma que todos os serviços previstos para os seis primeiros meses foram realizados, a partir de investimento de R$ 80 milhões. Já o Estado afirma que o investimento será de R$ 4,6 bilhões até o sétimo ano da concessão. A assessoria da CSG lembra ainda que a fase também inclui tarefas contínuas e permanentes, como os serviços de poda e o manejo adequado de vegetação, limpeza e desobstrução de bueiros, recuperação de taludes críticos, limpeza e substituição de placas, tapa-buracos, recuperação de pontes e viadutos.
"Desde o dia 1º de fevereiro já estávamos com equipes de roçada e tapa-buracos na rodovia", cita a nota da assessoria da concessionária.
Ainda conforme a comunicação, a recuperação do pavimento dos 271 quilômetros de concessão se iniciaram em Antônio Prado em direção a Ipê. Com 40 quilômetros já executados, a previsão é de concluir este trabalho em janeiro do ano que vem.
Como era previsto, a concessionária instalou as quatro bases de serviços operacionais (BSOs) no trecho, com área para descanso, banheiros, fraldário, internet wi-fi e totem interativo a serem usados por motoristas. As bases também servem para oferecer socorro mecânico (guinchos), atendimento médico de emergências (ambulâncias), resgate de animais na rodovia, prevenção de incêndios (caminhões-pipa) e cuidados ambientais com a faixa de domínio. A assessoria também disponibilizou número do trabalho executados em seis meses:
- Roçada, limpeza, capina, poda baixa e reperfilagem (camada de nivelamento do asfalto): 271,54 quilômetros (toda extensão da concessão).
- Placas de sinalização limpas e niveladas: 2.123 unidades.
- Placas de sinalização instaladas: 808 unidade.
- Resíduos recolhidos por toda a malha rodoviária: 25.386,25 quilos.
- Poda alta: 92,15 quilômetros.
- Obras de artes especiais (OAEs) limpas, pintadas e com drenagens funcionais: 71 unidades.
- Desobstrução e recuperação de elementos de drenagens: 30.949 metros.
- Instalação de guarda-corpos nas OAEs: 185 unidades.
- Instalação de defensa metálica (barreira de proteção): 6.472 metros.
- Recuperação de pavimento (aplicação de asfalto): 17.241,99 toneladas.
- Atendimento mecânico: 2.523 atendimentos.
- Emergências médicas: 593 atendimentos.