O primeiro semestre de 2023 no trânsito da Serra trouxe uma nova marca alarmante. A RS-122 é a rodovia estadual com mais acidentes com morte do Rio Grande do Sul nos primeiros seis meses deste ano, seguida pela Rota do Sol (RS-453), em segundo lugar. Os dados são do Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM). Com isso, a região tem as duas estradas com mais mortes no Estado no primeiro semestre do ano. Juntas, as duas rodovias contabilizam 25 vidas perdidas entre São Vendelino e Ipê (RS-122) e Garibaldi e São Francisco de Paula (RS-453).
Nos 180 primeiros dias do ano, a Serra teve, no total, 76 vidas perdidas no trânsito, segundo levantamento do Pioneiro, que abrange 49 municípios. O primeiro semestre de 2023 foi mais letal do que o do ano passado, que teve 70 mortes no mesmo período, o qual ainda tinha algumas restrições em razão da pandemia de covid-19.
Das 76 mortes na região, 40 aconteceram em rodovias estaduais. De acordo com o comandante do 3º Batalhão Rodoviário da Brigada Militar (BRBM), responsável pela Serra, Diego Caetano, apesar da RS-122 se iniciar em São Sebastião do Caí, é a região de Caxias do Sul e Farroupilha que concentra o número de acidentes mais graves.
— Tivemos em abril e maio uma elevação, um comportamento diferente das médias do ano passado. Em um acidente só, tivemos cinco vítimas fatais. A partir de junho, a gente elevou nossas ações na região. Desde a Operação Caravaggio, emendamos a Operação Inverno na Serra. Neste sentido, estamos com mais efetivo, pelotão de moto do BRBM, força tática, com vistas a modificar o comportamento, reduzir velocidade e, de uma certa forma, a nossa presença nas rodovias evitar acidentes — comenta o comandante.
Na RS-122 foram 16 mortes, desde São Sebastião do Caí — só na região da Serra, são 11. Já na Rota do Sol, 14, todas na Serra.
Do total das mortes registradas na região, em 2023, janeiro foi o mês mais letal, até o momento, com 17 mortes no trânsito, seguido por abril e maio, com 16 cada, e fevereiro, com 14. Março foi o mês com menos mortes, com apenas quatro registros. Em junho foram nove mortos.
Caxias do Sul com maior número de acidentes
Caxias do Sul lidera o ranking da cidade serrana com mais mortes no trânsito no primeiro semestre de 2023, com 22. O dado do levantamento do Pioneiro é o mesmo disponibilizado pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMTTM). Do total, 11 foram em ruas e avenidas do município, seis na Rota do Sol, três na RS-122 e dois na BR-116. A taxa de mortes em acidente por 10 mil habitantes é de 0,43.
Para o delegado titular da Delegacia de Homicídios e Trânsito, Caio Marcio Fernandes, o número se dá em função da maior concentração populacional em Caxias e também de veículos. A expectativa do delegado é que o cercamento eletrônico consiga reduzir esses números.
— Neste projeto (cercamento) existem inúmeros radares que serão instalados e acreditamos que isso vai, de alguma maneira, auxiliar na diminuição do número de acidentes, pelo menos os mais graves. Com as radares, a tendência é que as pessoas passem a respeitar mais os limites de velocidade das vias — opina Fernandes.
O último acidente com morte do semestre passado registrado na região foi em Caxias, no dia 16 de junho, que vitimou Evandro da Silva Farias, 46 anos. Segundo o Corpo de Bombeiros, que atendeu a ocorrência, o condutor de um veículo Citröen colidiu em um poste, na Rua Ludovico Cavinato, no bairro Nossa Senhora da Saúde. A vítima teria perdido o controle do veículo, em uma curva, após aquaplanar. Naquele momento estava chovendo e a pista estava molhada.
Antônio Prado com maior taxa de mortes no trânsito
Outras cidades chamam atenção pelo número alto, superando a taxa de Caxias. Das cinco cidades com mais mortes no trânsito, além de Caxias, Farroupilha e Antônio Prado igualam, com oito. Entretanto, pelo número de habitantes ser menor em Antônio Prado, a taxa é 6,16 mortes no trânsito por 10 mil habitantes, enquanto Farroupilha fica com 1,14. Guaporé tem sete e taxa de 2,77 e São Francisco de Paula tem seis e taxa de 2,74.
Segundo o prefeito pradense, Roberto José Dalle Molle, a grande preocupação é quanto à RS-122. No município, seis mortes foram na rodovia estadual, enquanto duas ocorreram em vias municipais. Ainda na RS-122, um acidente acabou vitimando quatro pessoas, no início de junho.
— Já tivemos dois encontros com a nova concessionária (Caminhos da Serra Gaúcha) pedindo algumas melhorias e reparos. Nos finais de semana, temos um movimento expressivo de motos. Também temos notado muitos caminhões passando pela rodovia, então temos mais movimento do que antes — analisa o prefeito.
Em relação ao primeiro semestre de 2022, quando 70 mortes foram registradas, junho tem o recorde, com 20 vítimas fatais, seguido por maio, com 19, janeiro, com 11, e fevereiro com 10. Março e abril tiveram cinco mortes cada. Caxias, neste mesmo período, teve 15 óbitos no trânsito, sete a menos que em 2023.
O ano passado fechou com 132 vidas perdidas. Com isso, o total já registrado em 2023 equivale a 57,5% do total de 2022. Já no mesmo período, de um ano a outro, foi um aumento de 8,5% nas ocorrências com morte. Os dados de 2022 também são do levantamento do Pioneiro.