Os produtores lácteos, associados das cooperativas Santa Clara, com sede em Carlos Barbosa, e Piá, de Nova Petrópolis, serão contemplados com atividades de fomento à produção. Três projetos que envolvem capacitações e assistência técnicas aos agricultores receberão recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite do Rio Grande do Sul (Fundoleite). Ao todo, oito projetos no Estado foram selecionados, com uma destinação de cerca de R$ 10 milhões.
O Fundoleite foi criado em dezembro de 2013, de acordo com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), com objetivo de captar recursos e os destinar para o custeio de "ações, projetos e programas de desenvolvimento da cadeia produtiva do leite bovino e dos seus produtos lácteos".
Santa Clara foca na assistência técnica
A barbosense Santa Clara apresentou ao Fundoleite o projeto denominado "Disponibilização de assistência técnica para melhoria da qualidade da matéria-prima". A proposta foi apresentada em 2021, e foi aprovada no dia 28 de junho deste ano. O objetivo da empresa é utilizar o recurso financeiro para fornecer aos associados conhecimento técnico, por meio do trabalho de veterinários, agrônomos, inseminadores e nutricionistas.
— O valor de mais ou menos R$ 1,4 milhão que virá do Fundoleite é uma parte de um todo. Ele vai contribuir com a assistência que já é feita, pelas mais de 100 pessoas que compõem o corpo técnico da cooperativa. O trabalho envolverá qualificação de mão de obra junto ao campo e revisões de equipamentos ligadas ao proteção do leite — explica o diretor administrativo e financeiro da Santa Clara, Alexandre Guerra.
Atualmente, a cooperativa conta com 5,4 mil associados, sendo que 2,4 mil deles são produtores de leite. Os sócios fornecem em média 800 mil litros de leite por dia para as três unidades industriais da Santa Clara. Além da sede em Carlos Barbosa, há unidades nos municípios gaúchos de Casca e Getúlio Vargas. A cooperativa comercializa a matéria-prima e os respectivos derivados para a região Sul do país, além de São Paulo e Rio de Janeiro.
Apesar de os projetos já estarem aprovados, atualmente o processo do Fundoleite está em fase de envio de documentação. A Santa Clara já encaminhou toda a documentação necessária para a Seapi. A expectativa da gestão da cooperativa é que até o final do ano o recurso esteja disponível para implantá-lo junto aos associados.
Piá tem dois projetos aprovados
Já a nova-petropolitana Piá teve dois projetos aprovados no Fundoleite. Ambos envolvem capacitações aos produtores em gestão da qualidade do leite e no uso de ferramentas. Porém, devido a um processo de transição de diretoria, a entidade fará uma reestruturação nos projetos antes de implantá-los.
— A gente está passando por uma reestruturação, por isso precisamos primeiro avaliar a nossa nova realidade. Mas não vamos perder este recurso, vamos reorganizar os projetos — garante o secretário da cooperativa, Jonas Gottschalk.
Devido a estas mudanças, ainda não há previsão do dia em que a documentação será enviada, e também da expectativa para a liberação dos recursos. A cooperativa deve receber R$ 263 mil para a implantação do projeto "Capacitar produtores em gestão da qualidade do leite" e R$ 154 mil para o projeto "Capacitação dos produtores no uso da ferramenta smartcoop".
A cooperativa Piá, que conta com mais de 20 mil sócios, sendo 5 mil produtores de leite, enfrenta uma crise financeira. Neste ano, a situação se agravou e a empresa precisou atrasar o pagamento dos fornecedores lácteos. A então diretoria renunciou no dia 17 de junho e uma nova gestão foi escolhida, por isso os administradores ainda estão em fase de interação dos processos.
Fundo é abastecido pelos produtores
Sobre o Fundoleite, as entidades ligadas aos produtores e indústrias fizeram um acordo com a Secretaria da Agricultura para que seja destinado ao fundo um percentual da produção diária. A contribuição é feita pelos produtores rurais, sobre cada 500 litros de leite ou fração produzidos. Em contrapartida, a cooperativa pode solicitar 70% desse valor contribuído para aplicar em capacitações aos produtores que fornecem a matéria-prima. Os demais 30% são investidos pelo governo em ações para a cadeia produtiva do Estado.
Nesta resolução do Fundoleite, liberada no dia 5 de julho, nove projetos foram apresentados. Desses, apenas um foi reprovado, por não atender aos critérios exigidos. Para participar, segundo a Seapi, obrigatoriamente devem ser projetos de assistência técnica, que precisam estar de acordo com as instruções normativas do Ministério da Agricultura e Pecuária a respeito do assunto.
A secretaria informa que não há um uma data definida para a liberação dos recursos, pois depende do envio da documentação correta e dos ritos administrativos e jurídicos que precisam ser cumpridos posteriormente.