Trabalhar na área da saúde não é uma tarefa fácil para ninguém. Quando se trata de uma jovem que enfrenta o diabetes do tipo 1, o mais agressivo da doença, os obstáculos se tornam maiores. No entanto, seguir o sonho de "ajudar a salvar o amor de alguém" sempre falou mais alto para Helen Regina Silva de Freitas, natural de Caxias do Sul. Hoje, a técnica de enfermagem de 24 anos se encontra do lado oposto da profissão. Ela está internada desde o dia 3 no Hospital da Unimed para, mais uma vez, lidar com as intercorrências da doença.
Segundo o relato da mãe da jovem, Paloma Verdi da Silva, há cinco meses a insulina tradicional não gera mais o efeito esperado no corpo de Helen, o que faz com que a doença não consiga ser controlada com os recursos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, a família está em busca de doações para adquirir uma bomba de insulina que custa em torno de R$ 30 mil. Esse equipamento é um pequeno aparelho computadorizado, que libera insulina de forma contínua durante 24 horas e em doses muito precisas de acordo com as necessidades do paciente. Além do custo do aparelho, é preciso pelo menos R$ 5 mil por mês para manter a bomba em funcionamento.
— Os benefícios são diversos. Ela não vai precisar furar o dedo toda a hora, por exemplo. A bomba fica ligada 24 horas e é um aparelho inteligente. É como se fosse um pâncreas artificial, porque o dela não produz as insulinas da mesma forma que uma pessoa normal. A Helen vai poder comandar os testes e mandá-los para a bomba, que libera o tanto de insulina que ela precisa naquele momento. O aparelho vai trazer qualidade de vida e ajudar a ter o controle glicêmico que o organismo precisa para que ela não tenha outros tipos de complicações — destacou Paloma.
Diagnosticada com a doença aos 11 anos, Helen, que sempre foi muito disposta, começou a ficar apenas deitada, passando a tomar bastante água e ter a urina com odor bastante forte. Foi justamente esse comportamento atípico que fez com que a mãe da jovem desconfiasse que algo estava errado.
— Foi aí que acendeu o sinal de alerta. Na época, ela ficou ruim em casa e a gente descobriu a doença. Eu tinha o aparelhinho do meu tio, que morava perto da gente, e fiz o teste de glicose. Como eu também sou técnica de enfermagem, achei que por ela estar muito cansada estaria fazendo uma hipoglicemia (nível muito baixo de glicose no sangue). Mas, para minha surpresa, quando fiz o teste deu 596 mg/dL. Lembro que falei para minha tia que o aparelho deveria estar estragado, mas ela disse para levá-la ao plantão, porque o aparelho estava funcionando corretamente. Chegando no hospital, ela estava com 536 mg/dL e foi aí que a luta começou — lembrou a mãe.
Hoje, Helen conta com o auxílio de uma muleta para caminhar. Isso porque a diabetes fez com que a jovem desenvolvesse neuropatia periférica, patologia que atingiu a musculatura e enfraqueceu o nervo da panturrilha, retirando a força das pernas. Para controlar a neuropatia, Helen precisa de remédios que geram um custo mensal de cerca de R$ 390. Além disso, existe o gasto do sensor que mede a glicose, que dura 15 dias e têm valor médio de R$ 289. As fisioterapias custam R$ 150 a cada 10 sessões, além do gasto de R$ 380 com exames e consultas médicas mensais.
A jovem, que seguiu os passos da mãe para se tornar técnica de enfermagem, se apaixonou pela profissão que ajuda a salvar a vida das pessoas. Por conta da baixa imunidade, ela foi orientada pela médica a procurar se aperfeiçoar em outra área, visto que o ambiente hospitalar estava se tornando perigoso. De uma hora para a outra, Helen precisou deixar o emprego e hoje está afastada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), recebendo pouco mais de um salário mínimo por mês.
— É horrível estar do outro lado (como paciente). Me sinto sem utilidade. Sempre pude ajudar, cuidar, suprir a necessidade com um atendimento humanizado, e estar assim agora é desgastante. Cada dia que passo nessa situação é doloroso. A espera é angustiante e preocupante por tudo que pode me gerar de consequências. Como entendo um pouco mais por já ter vivido o outro lado, agora estar do outro lado é assustador. Mas sei que é um processo que está me forjando para o dia da minha vitória — desabafou Helen, que não possui previsão de alta hospitalar.
Para ajudar a salvar a vida da jovem, a família de Helen entrou judicialmente com um pedido para receber a bomba de insulina, mas não há previsão de retorno no processo. A população pode contribuir através da Vakinha online, comprando números de rifa diretamente com a jovem pelo telefone (54) 99654-8279 e compartilhando a história dela nas redes sociais.
Quem quiser conhecer mais sobre o dia a dia de Helen e receber dicas para conviver com o diabetes do tipo 1 pode acessar o perfil da jovem no Instagram: @helennn_s.