Após anos de expectativa por avanços concretos, o ano que começou deve finalmente ser de novidades para a infraestrutura da Serra. E a primeira delas já tem data para ocorrer: no fim de janeiro, a concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) assumirá um total de 271,4 quilômetros de seis rodovias da Serra e do Vale do Caí. Outra perspectiva animadora para a região é a conclusão dos projeto executivos para o aeroporto de Vila Oliva, o que permitirá ao município contratar a construção do terminal.
O contrato de 30 anos para a administração das rodovias prevê uma série de ações e investimentos que somam R$ 3,4 bilhões e incluem duplicações e eliminação de gargalos. As principais obras vão ocorrer somente a partir de 2025, mas os buracos, a vegetação descuidada e a sinalização ausente devem se tornar apenas uma lembrança já em 2023. Isso porque o primeiro compromisso da CSG ao assumir será realizar restaurações emergenciais nas estradas para deixá-las em condições mínimas de trafegabilidade. Isso também inclui eliminação de risco iminente de queda de encostas, uma problema comum na região. Em caso de qualquer problema, a concessionária também deverá agir imediatamente para solucioná-lo.
— O projeto foi bem debatido pela região e a transferência da BR-470 (concretizada em dezembro para inclusão na concessão do trecho federal entre Bento e Carlos Barbosa) traz uma alegria muito grande. Essa infraestrutura das estradas vai trazer quase R$ 1 bilhão para nossa região em contratações, material, etc — projeta o presidente do Mobi Caxias, Rodrigo Postiglione.
A CSG deve iniciar as operações com 180 funcionários, a maioria contratados na região. Além de atuar na melhorias das estradas, a equipe também será integrada por socorristas que atuarão no serviço de guincho e ambulância. Até o fim de 2023, todos os serviços e investimentos precisam ocorrer com cobrança somente nos pedágios de Portão e Flores da Cunha. Os demais pedágios poderão operar somente em 2024.
Para o aeroporto de Vila Oliva, a projeção é que as últimas etapas burocráticas para que o terminal vire realidade sejam concluídas no próximo ano. Os projetos executivos estavam previstos para serem entregues até o dia 31 de dezembro, mas o trabalho atrasou. Segundo o secretário de Parcerias de Caxias, Maurício Batista, as equipes realizam sondagens e outros trabalhos de campo e a expectativa é finalizar os projetos ainda em janeiro.
A etapa seguinte é solicitar à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) a licença ambiental de instalação, que autoriza a construção dentro dos parâmetros ambientais. Uma vez com a licença em mãos, o município fica livre para licitar a contratação da obra, o que está previsto para o início do segundo semestre.
— Acho que é uma questão de que se consolida, porque a prefeitura tinha prazo para o lançamento da licitação até a metade do ano. O pessoal já começou inclusive a retirar as macieiras da área — afirma Postiglione.
Trem e porto seguirão como projetos
Se por um lado os avanços nas rodovias e no aeroporto animam a região, por outro os projetos do trem de cargas e do porto do Litoral Norte seguirão no papel. O porto segue como projeto fundamental para a Serra e o Estado, mas ainda existem etapas burocráticas importantes a serem cumpridas. Conforme Rodrigo Postiglione, a administração de Arroio do Sal trabalha na estruturação do entorno da área que vai receber o porto, mas ainda é necessário elaborar projetos que demandam um longo período de estudos.
— Os projetos levam 14 meses porque tem que passar todos os meses do ano fazendo análise — explica.
Segundo o presidente do Mobi, já há interesse de empresas como Petrobras e Braskem para instalação de terminais no porto. A estimativa é de movimentação de 30 milhões de toneladas por ano no médio prazo e de 50 milhões de toneladas por ano no longo prazo.
Enquanto isso, o trem deve seguir como um sonho distante da região no próximo ano. As negociações com a concessionária Rumo, que opera a malha ferroviária no Estado, não avançaram no sentido de construir um ramal para Caxias do Sul ou reativar o terminal em Vacaria. A tentativa era de incluir o investimento na renovação antecipada do contrato de concessão, o que facilitaria o escoamento de matérias primas e da produção industrial da região.
— A Rumo tem sinalizado negativamente. Eles alegam alto custo porque teria que refazer tudo. Não desistimos e continuamos pleiteando (o trem) — destaca Postiglione.