Quatro escolas da região, entre Serra e Campos de Cima da Serra, escolhidas para fazer parte de um projeto de qualificação da educação no Rio Grande do Sul aguardam a viabilização das melhorias. Após um ano do lançamento do Escola Padrão, as instituições de ensino não receberam obras e mobiliários prometidos pelo governo do Estado dentro da iniciativa. As direções apontam que não haviam recebido um prazo para as obras e, resignadas, esperam pelas intervenções.
O programa, lançado no dia 14 de outubro de 2021, está dentro do Avançar Educação e contempla as escolas de Ensino Fundamental Abramo Randon, em Caxias do Sul, e Pedro Vicente da Rosa, em Bento Gonçalves. Nos Campos de Cima da Serra, as melhorias estão projetadas para a Orestes Leite, de São Francisco de Paula, e para a Dom Frei Vital de Oliveira, em Muitos Capões.
No Estado, foram 56 escolhidas, que devem receber R$ 1,2 bilhão em investimentos na infraestrutura física e tecnológica. A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) diz que todas os estabelecimentos de ensino do Escola Padrão estão com processos em andamento para a realização das obras. Esse andamento está em diferentes fases nas escolas selecionadas.
Abramo Randon
Na Abramo Randon, que atende a 231 estudantes do Ensino Fundamental em Caxias, já houve duas visitas de representantes da Seduc. O projeto apresentado até agora prevê espaço multimaker, laboratório de informática, jardim de inverno, reforma de salas de aula e um espaço para o almoço de professores. Para garantir a acessibilidade a cadeirantes, o prédio no bairro Madureira também ganhará um elevador.
— É um projeto muito legal e que a gente quer muito que aconteça. (Vai beneficiar) a questão física e a pedagógica, porque eu acredito que também vai ser cobrado mais das Escolas Padrão. A gente vai poder oferecer muito mais do que a gente oferece hoje para os nossos alunos — afirma a diretora Márcia Hanh Rosa, ao explicar que o espaço multimaker possibilitará, por exemplo, o trabalho com robótica.
O que diz a Seduc
:: Está em fase de licitação por carta convite para contratação dos projetos executivos para construção das Escolas Padrão. A previsão de abertura das propostas é 21 de novembro.
Pedro Vicente Rosa
Na escola Pedro Vicente Rosa, em Bento Gonçalves, a informação mais recente repassada pela Seduc foi de que as obras devem se iniciar no ano que vem. Ao ficarem prontas, elas possibilitarão aos estudantes terem um espaço para fazer os lanches. Sem refeitório, a escola organiza as turmas das séries iniciais do Ensino Fundamental para lancharem nas próprias salas de aula, enquanto os das séries finais se acomodam da maneira que consideram mais adequada pela escola. Além disso, o projeto prevê uma ampliação da cozinha, construção de área coberta para esportes, instalação de internet mais ágil e melhorias nas salas de aula.
— Vai melhorar bastante toda a parte da infraestrutura e pedagógica da escola. É um sonho da comunidade ter pelo menos a área coberta, o refeitório e uma cozinha adequada — descreve o diretor, Ivan Narciso Garbin, à frente da escola que tem 340 matriculados.
O que diz a Seduc
:: Em fase de elaboração de partido arquitetônico. É considerado o anteprojeto onde consta o planejamento e o plano descritivo para transformar o local em Escola Padrão.
Orestes Leite
Na Orestes Leite, em São Francisco de Paula, uma reunião há cerca de um mês tratou da finalização do projeto histórico. A escola tem previsão de ampliação da biblioteca, criação de espaço de convivência, novo refeitório, obras de acessibilidade, criação do espaço multimaker, construção de novas salas de aula, laboratório de informática, além de reforma do piso e instalação da cobertura na quadra de esportes. A diretora Mariane Soares, à frente da instituição com 216 alunos, conta que o prédio atual é composto de "puxadinhos" feitos ao longo dos anos. O piso, por exemplo, tem diversos níveis e, para a passagem da sala de aula para o refeitório, os estudantes não têm cobertura, o que faz eles se molharem em dias de chuva.
— Está previsto reformar a escola inteira. O projeto é muito bom. Se for executado, vai ser maravilhoso, mas o problema é que ainda está no papel. A nossa escola atualmente é muito precária. Com esse projeto, vai ser um divisor de água.
O que diz a Seduc
:: Em fase de finalização do partido arquitetônico e elaboração de orçamento para posterior processo licitatório.
Dom Frei Vital de Oliveira
A escola Dom Frei Vital de Oliveira, em Muitos Capões, é outra que não recebeu investimentos substanciais dentro do Escola Padrão. Segundo a diretora Mônica Nery de Lemos, o que chegou até o momento foi uma televisão. A instituição, com 212 estudantes matriculados, ainda não recebeu informações detalhadas do projeto para a escola. O que a diretora sabe é que haverá a revitalização de espaços, com novo mobiliário e mudanças internas, com intervenções no banheiro e biblioteca. Para ela, as obras do Escola Padrão vão trazer um novo ânimo para a comunidade:
— Tudo o que venha a melhorar faz falta. Temos uma escola já construída há bastante tempo. Claro que a gente vai repondo, os móveis já foram atualizados. Mas, a motivação de chegar em um espaço com coisas novas, modernas, isso muda o ambiente.
O que diz a Seduc
:: Em fase de elaboração de partido arquitetônico. É considerado o anteprojeto onde consta o planejamento e o plano descritivo para transformar o local em Escola Padrão.
Outros recursos
Embora ainda sem receber as obras substanciais prometidas no projeto Escola Padrão, as instituições da Serra têm recebido outros recursos. Na Dom Frei Vital de Oliveira, de Muitos Capões, o Agiliza RS aplicou R$ 70 mil, que junto com doações feitas pela comunidade e empresários de Muitos Capões, permitiram que os estudantes voltassem a frequentar as salas de aula normalmente no início deste ano letivo. O recurso foi utilizado para recobrir a escola, que teve o mais antigo e maior prédio desativado após um temporal destruir parte do telhado. Já a Abramo Randon, de Caxias, recebeu R$ 88 mil utilizados para colocar grades em sala de aula e aumentar o sistema de monitoramento por câmera no prédio, porque a escola vinha sendo alvo de furtos, que chegaram a suspender as aulas. O recurso também foi suficiente para trocar o piso de duas salas de aula, promover melhorias no telhado e pintar uma parte da escola. Com o furto da rede elétrica, essa parte também foi refeita e verbas estaduais foram usadas ainda para melhorias nos muros do prédio.