"Conectando pessoas para salvar vidas". Esse é lema do Banco de Sangue Virtual. A plataforma criada em 2017 realmente funciona como uma ponte entre pacientes e doadores de sangue. Quem se cadastra no site do projeto recebe aviso sobre quem necessita de doação, o tipo de sangue necessário e onde o paciente está internado. O idealizador da plataforma esteve em Caxias do Sul na manhã desta quarta-feira (23) para divulgar o projeto. No município, o publicitário Ricardo Nunes, 58 anos, conversou com 12 turmas de estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Esta é a primeira vez que ele promove uma ação na cidade.
Aos alunos ele explicou que ao se cadastrar na plataforma, o usuário será avisado sempre que alguém precisar de sangue na região em que a pessoa reside. No cadastro, é possível autorizar o contato via WhatsApp, assim, mensagens diretas agilizam pedidos de doação e também tiram dúvidas dos voluntários. Se o doador não souber o tipo sanguíneo, não tem problema já que ele será identificado na primeira doação.
— Vamos supor que o paciente precisa de seis doadores e a família aciona familiares, a rede de amigo, mas aí tem um que recém doou sangue, outro fez tatuagem recente, um tem sintomas de gripe, e aquilo que parecia fácil se torna uma angústia. Para ajudar nessa busca, em um momento tão difícil, criamos uma ferramenta para ajudar o paciente que está lá à espera de sangue — disse Nunes aos estudantes.
Ele entregou um material aos estudantes que tem um QR code para que eles acessem o site e se inscrevam.
— Posso contar com o cadastro de vocês? — provocou, acrescentando que é preciso cutucar as pessoas e lembrar da importância da doação.
Para participar é preciso fazer um cadastro no site e colocar os dados solicitados. O processo leva menos de 30 segundos.
— Eu não conhecia a ferramenta, mas sou doador e vou me inscrever. Participo de grupo de jovens onde a maioria doa sangue. Nosso desafio é convencer os novos integrantes da importância de doar porque acham o questionário invasivo, com o site tem essa privacidade — destaca o aluno Lucas Caovilla, 19, que tem sangue O+.
Ele ressalta ainda que com a ferramenta não irá esquecer que já está na hora de doar novamente.
— É importante essa ferramenta porque tem os avisos e assim se já está na hora de doar vou novamente. Também vai incentivar a doação e ajudar a convencer as pessoas. Se eu não puder doar posso repassar para os amigos também — afirma o estudante.
Uma doação pode ajudar até quatro pessoas. Para fazer parte da rede, basta acessar bancodesanguevirtual.com.br e preencher o formulário. Cerca de 35 alunos se cadastraram nessa manhã. A coordenadora de Ensino, Maiara Correa de Moraes, também pretende se cadastrar na plataforma.
— Sempre que algum familiar, aluno, professor ou colaborador precisou de doação de sangue nos mobilizamos para fazer uma campanha interna. Esse tipo de ferramenta tem um alcance muito maior. Nunca doei sangue, sempre pensei, mas nunca fui até lá doar e agora vou me cadastrar para me tornar doadora — relatou ela.
Maiara acredita que um dos empecilhos são as dúvidas, se por exemplo, por tomar medicação ou tatuagem é possível ser doador.
— Muitos alunos questionaram os critérios e já esclareceram as dúvidas. Esse é um canal para esses esclarecimentos também porque tem as informações e um canal para incentivar essa corrente do bem — frisa a coordenadora.
Como surgiu o projeto
Doador há mais de 30 anos Nunes conta que nunca precisou de doação de sangue.
— A minha família também nunca precisou, mas eu via o desespero das pessoas que precisam de doação para amigos e familiares. Isso me inquietou e busquei uma maneira de ajudar. Uma agência digitalizou a minha ideia, e quando tivemos as primeiras divulgações passamos de 62 cadastrados para 486. Hoje estamos com quase 12 mil.
A meta é chegar a 249 mil pessoas. Por isso, Nunes passou a circular o Estado em busca de novos doadores. Ele ressalta que esse número não é aleatório:
— A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que só 1,8% da população doa sangue no Brasil e precisa no mínimo 3% para atender a demanda de pacientes que precisam de ajuda. Precisamos consolidar esse número, e fiz a conta usando o número de eleitores do RS, que é 8 milhões e 300 mil, e é a mesma faixa etária de quem pode doar sangue. Assim conseguimos chegar nesse índice —ressalta Nunes.
Nunes já divulgou o Banco de Sangue Virtual em Pelotas, Santa Maria e Bento Gonçalves. Hoje à tarde ele segue em agenda no instituto e na quinta-feira (24) irá até o Senac e o Colégio Tiradentes ainda em Caxias. Na sexta-feira (25), Nunes irá a Estrela e Lajeado divulgar a plataforma.