Após um hiato de dois anos em função da pandemia de coronavírus, os Festejos Farroupilhas estão de volta aos pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul. Na manhã deste sábado (10), centenas de pessoas curtiam as primeiras provas, apresentações artísticas e, claro, o bom churrasco nos quase 200 acampamentos montados no parque.
A programação, até o dia 20, inclui 22 shows e oito bailes ao longo da semana, além das apresentações das invernadas e as provas campeiras na cancha de laço. Este primeiro sábado terá espetáculos de Robson Boeira, às 20h, e Fábio Soares, às 21h30min, finalizando com baile com Ytamar Gomes e Grupo Estância.
Todas as atrações são gratuitas. A única cobrança é de R$ 10 para entrar no Parque de Eventos. Para idosos, o ingresso é R$ 5. Menores de 12 anos e integrantes do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) com carteirinha não pagam.
— Ontem (sexta-feira), foram mais de 2 mil pessoas que entraram no parque. Para hoje (sábado) e amanhã, a expectativa é lotar o parque. Tem grupos de dança vindo de Dois Irmãos, São Marcos e Vacaria... A programação é grande, com diversas atrações artísticas, campeiras e cultural, desde a gineteada na cancha até o baile — ressalta Rodrigo Ramos, presidente dos Festejos.
A retomada da programação gaudéria era aguardada com ansiedade. Mesmo morando em Caxias do Sul, muitas pessoas, nesses dias de acampamento, preferem dormir nos Pavilhões para aproveita cada minuto. É o caso da Família Cavalheiro, que há 10 anos monta o seu piquete com cozinha e mesas para receber os amigos.
— Somos 25 membros da família atuantes (no acampamento). É uma tradição que começou com meu avô e que todos pegam o gosto desde criança. Cada um fica responsável por uma tarefa, tudo bem dividido. Começamos a montagem no dia 3 e só iremos embora dia 20. Como sou natural do Rio (de Janeiro), brinco que é o Carnaval do gaúcho. Assim como o carioca espera fevereiro chegar, o gaúcho anseia por setembro — brinca o desenhista Douglas Cavalheiro, 39 anos, morador do bairro São Caetano.
Quem chegou cedo neste sábado foi a dupla Vorlei Cavalheiro, 50, e Sidnei Vieira da Silva, 60. Eles ficaram responsáveis por preparar um costelão de 65kg no piquete Recanto da União, do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea. O frio de 5ºC antes do amanhecer não diminuiu a animação dos assadores.
— Chegamos às 4h para fazer o legítimo costelão que será almoço para 200 pessoas. Virou o ano, a gente já começa a se programar para setembro. Hoje é aqui, amanhã será no acampamento do Sindicato dos Rodoviários, quinta-feira é de novo aqui. Fazemos tudo, desde escolher o boi até assar a carne. É para quem gosta do jeito campeiro — diz Sidnei.
Outro acampamento movimentado era o do CTG Chegando no Rancho, que fica no bairro Desvio Rizzo. Integrantes, de cinco até 74 anos, participarão das apresentações nos Pavilhões. Nesta manhã, o grupo de amigos também preparava um costelão, de 120kg, que fica 12 horas no fogo até ser servido.
— A expectativa é grande depois da pandemia, pessoal está motivado. Só hoje à noite esperamos 200 pessoas no nosso acampamento. Todos os dias teremos alguma participação, incluindo as apresentações da nossa invernada. Também receberemos escolas do nosso bairro para mostrar um pouco da cultura gaúcha. É a maior festa do tradicionalismo: aqui reencontramos amigos, trocamos ideias, é a nossa Copa do Mundo — brinca Ronaldo Cavalheiro, 48, vice patrão do CTG Chegando no Rancho.
Com o tema Etnias do Gaúcho – Rio Grande, Terra de muitas Terras, os Festejos Farroupilhas seguem até o dia 20, quando ocorre o desfile temático e de cavalarianos a partir das 14h na Sinimbu.